Um dos cinco europeus proibidos de entrar nos EUA contra-ataca na Justiça
- 26/12/2025
A queixa do cidadão britânico Imran Ahmed, apresentada na quarta-feira num tribunal de Nova Iorque, indica que este enfrenta a "perspetiva iminente de detenção inconstitucional, detenção punitiva e deportação", que um juiz hoje bloqueou temporariamente.
Está marcada para segunda-feira uma audiência preliminar, segundo uma decisão judicial.
"O Governo federal [norte-americano] deixou claro que o senhor Ahmed é alvo de 'SANÇÕES' devido ao trabalho da organização não-governamental (ONG) que fundou e dirige, o Center for Countering Digital Hate (CCDH)", refere a queixa judicial.
Aquele centro analisa as políticas de moderação das principais plataformas de redes sociais e denunciou muitas vezes as práticas da X, ex-Twitter, propriedade do multimilionário Elon Musk, aliado do Presidente norte-americano, Donald Trump.
Os Estados Unidos sancionaram na terça-feira Ahmed, outros três representantes de ONG que combatem a desinformação e o discurso de ódio 'online' (Clare Melford, que dirige o GDI, um índice de desinformação no Reino Unido; Anna-Lena von Hodenberg e Josephine Ballon, da ONG alemã HateAid), e um ex-comissário europeu para os Assuntos Digitais, o francês Thierry Breton.
As ações destes cidadãos configuram "censura extraterritorial" em detrimento dos interesses norte-americanos, justificou o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, na rede social X.
Mais especificamente, o Governo dos Estados Unidos acusa a ONG de Imran Ahmed de ter "pedido às plataformas que removessem 12 [defensores] antivacinas norte-americanos das suas listas", entre os quais o atual secretário da Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., precisou na rede social X a subsecretária de Estado para a Diplomacia Pública, Sarah Rogers.
No ano passado, um tribunal da Califórnia rejeitou também um processo interposto pela rede social X que acusava o CCDH de levar a cabo uma campanha de difamação.
Marco Rubio e Sarah Rogers, a Procuradora-Geral, Pam Bondi, e a secretária da Segurança Interna, Kristi Noem, e ainda o diretor do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE), Todd Lyons, são visados no processo interposto por Imran Ahmed.
Este cidadão britânico de 47 anos, de origem afegã, vive legalmente nos Estados Unidos desde 2021 e tem um "green card" de residência permanente, segundo o processo. A sua mulher e a filha são cidadãs norte-americanas.
Num comunicado hoje enviado à agência de notícias francesa AFP, Ahmed assegurou que "não se deixará intimidar ou desviar do trabalho da [sua] vida".
Trump está a realizar uma ofensiva de grande envergadura contra as normas da União Europeia sobre tecnologia, que impõem às plataformas digitais obrigações, em particular de denúncia de conteúdos problemáticos, o que os Estados Unidos consideram censura.
Contactado pela AFP para um comentário sobre o assunto, o Departamento de Estado norte-americano não respondeu até agora.
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