Três artistas detidos por criticar eleições anunciadas em Myanmar

  • 30/10/2025

O jornal da junta militar, Global New Light of Myanmar, disse que os homens - um cineasta, um ator e um comediante - foram detidos nas suas casas "por publicarem críticas falsas e enganosas nas redes sociais" a outros artistas, que produziram um filme de apoio às eleições.

 

O filme, exibido repetidamente na televisão estatal, contém cenas em que um médico de aldeia insta os combatentes da oposição a deporem as armas e a apoiarem as eleições, que deverão começar a 28 de dezembro.

A lei, introduzida em julho, proíbe "qualquer discurso, organização, incitação, protesto ou distribuição de panfletos com o objetivo de minar qualquer parte do processo eleitoral".

Os condenados podem enfrentar uma pena de três a sete anos de prisão, que pode ser aumentada para cinco a dez anos para os envolvidos em conspirações.

Os partidos autorizados a apresentar candidatos nas eleições parlamentares de Myanmar iniciaram a campanha na terça-feira.

Myanmar está mergulhado numa guerra civil sangrenta desde que os militares derrubaram o governo, eleito de forma democrática, da vencedora do Prémio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, em 2021.

Grupos rebeldes anunciaram um boicote das eleições nos principais enclaves que controlam, enquanto defensores dos direitos humanos denunciaram restrições às liberdades durante a campanha em áreas controladas pela junta militar.

A imprensa internacional poderá cobrir as eleições em Myanmar, mediante a aprovação dos pedidos por parte do governo, anunciaram as autoridades na quarta-feira.

O Ministério da Informação "analisará e aprovará os pedidos de órgãos de imprensa internacionais elegíveis", segundo um comunicado. Os detalhes do processo e quais os órgãos de imprensa que serão autorizados ainda não são claros.

Na quarta-feira, o relator especial da ONU para os direitos humanos em Myanmar, Tom Andrews, reiterou a posição de que as "eleições são uma farsa, uma fraude".

"Não se pode ter uma eleição livre e justa quando se prendem, detêm, encarceram e torturam os líderes da oposição política, quando se dissolvem dezenas de partidos políticos, (...) quando é ilegal para os jornalistas relatarem a verdade sobre a situação em Myanmar, quando é ilegal criticar a junta e, de facto, criticar estas eleições", reforçou o dirigente.

Numa conferência de imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque, Andrews acusou ainda a junta militar no poder em Myanmar de transformar o forte sismo de março numa catástrofe humanitária ao tentar tirar partido da situação.

O relator da ONU frisou que as condições humanitárias em Myanmar estão piores do que em 2024 e afirmou que a comunidade internacional falhou em responder a esta "crise invisível".

Leia Também: Guterres quer "fim da impunidade" do governo militar de Myanmar

FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2879541/tres-artistas-detidos-por-criticar-eleicoes-anunciadas-em-myanmar#utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Anunciantes