Simões Pereira "estupefacto" com ideia de golpe de Estado na Guiné-Bissau

  • 31/10/2025

"É muito estranho, ouvi com estupefação, estamos a um dia do início da campanha eleitoral e é a terceira vez em seis anos que se fala numa tentativa de golpe de Estado", disse Domingos Simões Pereira à Lusa, no mesmo dia em que o Presidente da Guiné-Bissau anunciou que está em curso uma investigação a uma alegada "tentativa de golpe de Estado para impedir a realização das eleições" de 23 de novembro.

 

Em declarações à Jeune Afrique, Umaro Sissoco Embaló disse que a "tentativa de golpe de Estado" foi frustrada e que "tudo está sob controlo", depois de o Estado-Maior General das Forças Armadas guineense ter denunciado uma alegada tentativa de golpe de Estado que envolve "vários oficiais", entre os quais o general Daba Na Walna, chefe da escola militar de Cumeré, no norte do país.

Nas declarações à Lusa, Domingos Simões Pereira lembrou que "a 01 de fevereiro deste ano, a possibilidade de um golpe de Estado serviu como pretexto para que o Presidente agarrasse todos os poderes e pedisse à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para reforçar a sua guarda pretoriana em detrimento da cobertura de outros órgãos de soberania".

Depois, continuou, "em dezembro de 2023 dissolveu o parlamento, o que serviu para nomear uma nova presidente da assembleia nacional popular, e agora o país está parado, à espera de provas, de elementos que mostrem que existe essa ligação".

Assim, concluiu, é forçoso fazer uma ligação entre o anúncio de um golpe debelado e a proximidade das eleições legislativas e presidenciais, marcadas para 23 de novembro.

"Sou obrigado a fazer a ligação com as eleições, estamos a 24 horas do início da campanha, e, nos últimos tempos, cada vez que há um anúncio do género, isso serve de pretexto para mais ganhos políticos", salientou o político, lembrando que essa ideia resulta sempre em mais poder político para o Presidente.

"É muito estranho o que está a acontecer, já há alguns dias que o ex-Presidente mostrava nervosismo e agora volta-se a falar em golpe de Estado, quando toda a gente sabe quem controla as Forças Armadas, quem praticamente organizou um exército privado e quem tem utilizado a força como mecanismo para controlar órgãos de soberania e restringir liberdades fundamentais dos cidadãos", disse Domingos Simões Pereira, referindo-se ao atual Presidente, Sissoco Umaro Embaló.

Para o candidato presidencial afastado das próximas eleições, "agitar as águas em vésperas de campanha eleitoral, e sabendo da forma como os guineenses vivem esse momento, cheira a intenção de restringir liberdades e capacidade de outros participarem na campanha eleitoral".

A campanha para as eleições presidenciais e legislativas de 23 de novembro na Guiné-Bissau deve começar sábado, e durar três semanas, com a ausência inédita do partido histórico que conduziu à independência, o PAIGC, e do seu candidato às presidenciais, Domingos Simões Pereira, principal opositor do atual Presidente.

Desde a sua independência de Portugal, a Guiné-Bissau sofreu quatro golpes de Estado, 17 tentativas de golpe e uma série de mudanças de Governo.

Leia Também: PR guineense anuncia investigação a "tentativa de golpe de Estado"

FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2880749/simoes-pereira-estupefacto-com-ideia-de-golpe-de-estado-na-guine-bissau#utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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