Sérvia assinala 1.º aniversário da tragédia que matou 16 pessoas

  • 31/10/2025

A 01 de novembro de 2024, um dos tetos da estação de comboios de Novi Sad, após obras de reabilitação, desabou e provocou a morte de 16 pessoas.

 

Uma onda de protestos em massa, liderada por estudantes, começou na sequência do desabamento.

A exigência inicial por responsabilização e transparência quanto à adjudicação e execução do projeto, realizada por empresas chinesas, transformou-se numa denúncia do autoritarismo governamental do Presidente Aleksandar Vucic e na reclamação por melhorias no Estado de Direito e pela realização de eleições antecipadas.

Hoje, à medida que milhares de manifestantes chegam a Novi Sad vindos de todo o país, Vucic ameaçou ordenar detenções em massa caso ocorram episódios de violência e afirmou que os seus apoiantes estão a preparar "uma manifestação muito maior" na cidade ainda durante o mês de novembro.

O chefe de Estado também tentou minimizar a dimensão e a importância da ação organizada pela oposição.

Questionado por um repórter de televisão sobre o evento de sábado, respondeu: "O que se passa em Novi Sad? Está a disputar-se algum jogo de futebol?"

Vucic acrescentou que "muitos ficarão desiludidos por expectativas excessivas em relação ao comício", sublinhando que "não haverá mudança de Governo".

A maioria dos protestos liderados por estudantes tem decorrido de forma pacífica, com incidentes pontuais provocados por apoiantes de Vucic. No entanto, após um ano de mobilizações, a tensão é elevada e os ânimos estão exacerbados.

As forças policiais têm reprimido com dureza os protestos. Centenas de opositores de Vucic foram detidos por participarem em anteriores protestos contra o Governo, incluindo em duas grandes manifestações realizadas na capital, Belgrado.

Prevê-se que as pessoas se reúnam em vários pontos de Novi Sad, uma estratégia destinada a dificultar a intervenção policial em comparação com um único comício centralizado.

A tragédia de Novi Sad foi amplamente atribuída a negligência governamental, corrupção endémica e contratos opacos com empresas chinesas envolvidas nas obras de renovação da estação.

Perante o movimento de contestação, que conquistou amplo apoio em vários setores da sociedade sérvia, Vucic procurou inicialmente aliviar a pressão, levando à demissão do primeiro-ministro em janeiro, juntamente com o resto do Governo.

Apesar de alguns responsáveis terem sido acusados no âmbito do desastre de Novi Sad, até agora ninguém foi julgado ou condenado.

O Presidente sérvio descreveu os protestos como uma manobra orquestrada pelo Ocidente para o afastar do poder e reforçou as suas alianças com o Presidente russo, Vladimir Putin, e com a China, ao mesmo tempo que endureceu a repressão sobre grupos liberais de direitos humanos no país.

Protestos semelhantes liderados por estudantes já se realizaram em Novi Sad, reunindo dezenas de milhares de pessoas e prolongando-se por mais de um dia.

Milhares de manifestantes de todo o país deverão convergir para Novi Sad até sábado. Muitos estudantes estão já a marchar em direção à cidade vindos de várias regiões.

Vários participantes que partiram de Belgrado para Novi Sad tiveram de dormir ao relento, enfrentando temperaturas baixas na cidade de Indjija, depois de o presidente da câmara local, membro do partido de Vucic, ter recusado ceder-lhes um pavilhão desportivo e advertido os residentes para não lhes fornecerem comida nem água.

A concentração de sábado poderá transformar-se numa das maiores manifestações de sempre na conturbada nação balcânica, que tem uma longa tradição de protestos contra o Governo.

Leia Também: Cerca de 700 manifestantes mortos desde quarta-feira na Tanzânia

FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2880551/servia-assinala-1-aniversario-da-tragedia-que-matou-16-pessoas#utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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