Rússia nega ensaios nucleares em testes recentes de novas armas
- 30/10/2025
Trump ordenou hoje o teste de "armas nucleares", mas sem especificar se se tratava de ensaios de sistemas capazes de transportar ogivas nucleares ou de testes diretos de ogivas nucleares, que os Estados Unidos não realizam desde 1992.
O Presidente norte-americano justificou a decisão com os "programas de testes conduzidos por outros países", sem mencionar explicitamente a Rússia, e afirmou que os Estados Unidos testarão as suas armas "em condições de igualdade".
As declarações de Trump seguiram-se às do Presidente Vladimir Putin, que anunciou na quarta-feira o teste bem-sucedido do drone submarino Poseidon com capacidade nuclear.
Putin já tinha saudado no domingo o sucesso do teste final do míssil de cruzeiro russo Burevestnik com propulsão nuclear.
"No que diz respeito aos testes do Poseidon e do Burevestnik, esperamos que o Presidente Trump tenha sido devidamente informado. Isto não pode ser considerado um teste nuclear", reagiu hoje o porta-voz do Kremlin (presidência).
Dmitri Peskov disse que "todos os países trabalham no desenvolvimento da defesa" e insistiu que os recentes ensaios russos "não constituem um teste nuclear", segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
"O Presidente Trump mencionou alegados testes nucleares de outros países. Até agora, não tivemos qualquer informação sobre tais testes", acrescentou o porta-voz de Putin.
Trump tem endurecido o tom em relação a Putin nas últimas semanas, sobretudo depois de não ter conseguido pôr fim à guerra da Rússia contra a Ucrânia, em curso desde de fevereiro de 2022.
Washington e Moscovo continuam vinculados pelo tratado de desarmamento New START, que limita cada parte a 1.550 ogivas estratégicas ofensivas implantadas e prevê um mecanismo de verificação, suspenso há dois anos.
Com o tratado a expirar em fevereiro de 2026, Putin propôs no início de outubro a prorrogação por um ano, mas não mencionou uma eventual retoma das inspeções aos arsenais.
A agência de notícias norte-americana The Associated Press (AP) também sugeriu que Trump poderá ter confundido os testes de mísseis que transportam ogivas nucleares com os das ogivas propriamente ditas.
Outros países "parecem estar todos a fazer testes nucleares", disse Trump aos jornalistas a bordo do avião presidencial Air Force One.
"Vejo-os a fazer testes e digo: bem, se eles vão fazer testes, acho que temos de fazer testes", afirmou.
Os funcionários do Pentágono (sede do Departamento de Defesa) não responderam imediatamente às perguntas sobre o anúncio de Trump sobre os testes com mísseis nucleares, segundo a AP.
A China, com cujo Presidente, Xi Jinping, Trump se reuniu na Coreia do Sul depois de ter feito o anúncio sobre os testes, apelou aos Estados Unidos para que "respeitem seriamente" a proibição internacional dos ensaios nucleares.
"A China espera que os Estados Unidos respeitem seriamente as obrigações do tratado de proibição total de testes nucleares e o compromisso de proibir os testes nucleares", disse o porta-voz da diplomacia chinesa Guo Jiakun.
Pequim espera que os Estados Unidos "tomem medidas concretas para preservar o sistema global de desarmamento e não proliferação nuclear e para preservar o equilíbrio e a estabilidade estratégicos globais", declarou Guo.
O Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares, que os Estados Unidos assinaram, mas não ratificaram, tem sido respeitado desde que foi adotado em 1996 por todos os países que possuem armas nucleares, à exceção da Coreia do Norte.
Além dos Estados Unidos, que não efetuam testes nucleares desde 1992, a China suspendeu os seus em 1996 e a Rússia fez o último em 1990, pouco antes da dissolução da União Soviética.
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