Rubio condena regime ilegítimo mas não confirma deposição de Maduro
- 19/12/2025
"Temos um regime ilegítimo que coopera abertamente com terroristas que ameaçam a segurança dos Estados Unidos", declarou Marco Rubio em conferência de imprensa em Washington agendada para assinalar o fim do ano no Departamento de Estado.
O chefe da diplomacia norte-americana acusou o regime de Caracas de cooperar com o Irão e com o grupo xiita libanês Hezbollah, além de organizações de narcotráfico e de narcoterrorismo, "incluindo não só a proteção dos seus carregamentos e a permissão para que operem impunemente, mas também a permissão para que alguns deles controlem territórios".
Nesse sentido, o secretário de Estado salientou que a administração do Presidente Donald Trump está a "proteger os interesses dos Estados Unidos" e também a segurança da região.
Ao mesmo tempo, evitou alongar-se a propósito de uma autorização do Congresso antes de uma eventual intervenção militar na Venezuela.
"Nada aconteceu que nos obrigue a procurar a aprovação do Congresso", limitou-se a afirmar, apesar de Trump ter dito repetidamente que as operações do exército norte-americano iriam começar em breve.
Numa entrevista à NBC News divulgada hoje, o líder da Casa Branca afirmou que não descarta a possibilidade de guerra com a Venezuela, mas recusou-se também a declarar o objetivo de derrubar Maduro.
"Ele sabe exatamente o que eu quero", respondeu Trump, que falou por telefone com o líder venezuelano em novembro, reforçando: "Ele sabe melhor do que ninguém".
Na terça-feira, o Presidente norte-americano ordenou o bloqueio de todos os petroleiros sancionados pelos Estados Unidos que entram e saem da Venezuela, uma semana depois de ter apreendido um navio carregado de crude perto da costa venezuelana.
Os Estados Unidos aumentaram assim a pressão sobre o Governo de Nicolás Maduro, a quem acusam de liderar o Cartel de los Soles, alegação negada por Caracas, após meses de bombardeamentos contra supostos barcos de tráfico de droga nas Caraíbas e no Pacífico.
"Nada impedirá a nossa capacidade de fazer cumprir a legislação de sanções dos Estados", declarou hoje Rubio.
Na sua conferência de imprensa, o secretário de Estado norte-americano afirmou que também não está preocupado com o apoio da Rússia à Venezuela, mesmo com os Estados Unidos a realizarem operações militares frequentes nas Caraíbas e no Pacífico.
Segundo o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, a Rússia "já tem problemas suficientes na Ucrânia", insistindo que "é evidente que o atual 'status quo' com o regime venezuelano é intolerável".
Marco Rubio insistiu que o Governo de Caracas está a cooperar ativamente com grupos armados ligados ao tráfico de droga, como dissidentes das FARC e o Exército de Libertação Nacional (ELN) da Colômbia, para exportar droga para os Estados Unidos.
"Há entidades de tráfico de droga a operar abertamente e com a cooperação do regime de Maduro para enviar drogas como a cocaína para os Estados Unidos através das Caraíbas, criando uma situação de segurança muito grave em muitos países", relatou.
Rubio considerou que "estes grupos terroristas criminosos" representam "a ameaça mais significativa na região" e que os Estados Unidos iniciaram conversações sobre segurança com os países da América Latina, com diferentes graus de sucesso.
"Temos governos que cooperam, como o Panamá, a Costa Rica e El Salvador", afirmou, antes de mencionar que mantém "muito boas relações com as equipas de segurança da Colômbia, por mais peculiar que seja o seu Presidente", referindo-se a Gustavo Petro.
A propósito do líder colombiano, cujo mandato está próximo do fim, o secretário de Estado advertiu que Washington não permitirá que o seu comportamento prejudique a longa relação entre os dois países.
"Não permitiremos que as declarações de um indivíduo instável afetem a nossa relação. Esta é uma aliança muito importante, uma parceria estratégica muito importante, que construímos com grande esforço ao longo de décadas, e não permitiremos que se desfaça por causa de uma pessoa", comentou, antes de se referir ao dia em que haja "melhores relações com o líder daquele país" e possa trabalhar "de forma mais cooperativa" com o sucessor de Petro.
Estas declarações coincidem com um momento tenso nas relações entre Washington e Bogotá, após o destacamento militar norte-americano para a região, que resultou na destruição de mais de 30 embarcações suspeitas de narcotráfico e mais de 100 mortes.
Na semana passada, Trump ameaçou Petro de que seria o "próximo", aludindo à pressão que a sua administração exerce sobre Nicolás Maduro.
Em setembro, Washington retirou a Colômbia da lista de países que cooperam no combate às drogas ilícitas e, mais tarde, sancionou Petro, a quem acusou de ser um "barão do tráfico".
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