Reino Unido. Agressor libertado por engano foi pago para ser deportado
- 29/10/2025
Um homem libertado por engano de uma prisão, no Reino Unido, já foi deportado para o seu país de origem, a Etiópia - como, aliás, estava previsto antes do engano - e com direito um pagamento de 500 libras (cerca de 660 euros) por parte do governo britânico.
Hadush Kebatu, condenado por assediar sexualmente uma menor de 14 anos e uma mulher enquanto esteve num asilo para migrantes, deveria ter sido deportado na sexta-feira passada. Em vez disso, devido a um erro humano, foi libertado. As autoridades localizaram e detiveram o homem apenas dois dias depois e durante a noite desta terça-feira foi, por fim, deportado.
Segundo o Ministério do Interior britânico, Kebatu aterrou na Etiópia na manhã de quarta-feira e com 500 libras extra no bolso.
O dinheiro, explicou um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, foi entregue pela própria equipa de remoção do condenado, como uma forma de garantir que o processo não sofreria ainda mais atrasos e, por consequência, fosse também mais caro. O dinheiro terá servido como uma forma de garantir que Kebatu iria cooperar com as autoridades, sem dificultar a sua viagem de regresso.
No Reino Unido as deportações voluntárias podem receber um apoio de 1.500 libras (cerca de 1.700 euros) para sair do país. O apoio é feito através do Programa de Apoio ao Retorno Voluntário, da Organização Internacional para as Migrações (OIM), que também atua em Portugal.
Contudo, o caso de Kebatu não se enquadrava nesta situação, tendo em conta que o homem foi "deportado à força" e, por isso, as 500 libras foram pagas pelo próprio Estado britânico. Nestas situações, o deportado não costuma receber qualquer tipo de pagamento. No entanto, as equipas encarregues da remoção do migrante podem decidir o contrário.
Neste caso, a preocupação prendeu-se com o reagendamento dos voos (que só aí chegaria a várias centenas de libras), que poderia levar a uma ação judicial dispendiosa. Vindo a concretizar-se esta previsão, o dinheiro gasto seria bastante superior ao dinheiro pago ao recluso.
O pagamento evitou um "processo mais lento e caro para o contribuinte, que teria incluído uma detenção, um novo voo, e, potencialmente, disputas judiciais subsequentes", afirmou o porta-voz de Starmer, citado pela BBC.
A ala conservadora do parlamento britânico considerou o pagamento uma "desgraça absoluta", que mostrou como o governo está a "arruinar o sistema de imigração".
Até mesmo os democratas liberais disseram que a situação era "ultrajante" e que os britânicos tinham "razão em estar zangados".
Kebatu deveria ter sido transferido para um centro de detenção de migrantes na sexta-feira, de onde seria deportado. Em vez disso, foi libertado indevidamente - um erro do qual as autoridades só se aperceberam por volta das 13h00 locais. Por essa altura, já o homem tinha pedido ajuda a algumas pessoas na rua, conseguindo embarcar num comboio para Londres.
Foi apenas no domingo de manhã que Kebatu foi detido pelas autoridades, no norte da capital inglesa, após a polícia ter recebido uma chamada sobre um possível avistamento do homem.
Kebatu de 41 anos, foi condenado, após pôr a sua mão na perna da adolescente de apenas 14 anos, e tentar beijá-la, dizendo que queria casar com ela.
O momento terá acontecido a 7 de julho, sendo que, no dia seguinte, Kebatu voltou a interagir com a rapariga, convidando-a e à amiga para irem com ele para um hotel. Segundo a acusação, o homem terá dito às menores que queria que elas tivessem os seus filhos.
O condenado estaria há apenas oito dias no país, após chegar à costa britânica num pequeno barco de imigrantes, quando cometeu os crimes.
O governo britânico garantiu que foram aplicados "controlos imediatos" em todas as prisões para impedir que uma situação semelhante voltasse a acontecer.
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