Primeira escola de DJ em Moçambique quer profissionalizar setor

  • 29/12/2025

"É um projeto onde deixo um legado para os jovens daquilo que é toda a minha experiência, que aprendi durante anos (...), sendo também uma iniciativa empreendedora na qual podemos também crescer e desenvolver mais projetos para os jovens", explica à Lusa Fayaz Abdul Hamide, ou DJ Faya, no mundo artístico.

 

Fundada em Maputo há menos de seis meses, a BPM - Batidas Por Minuto - já formou 16 DJ e "quatro a cinco formandos já começaram a tocar no mercado", num esforço para tentar apoiar a profissionalização e travar o estigma e tabu relacionado com a atividade. Entretanto, uma nova turma de seis candidatos a DJ já está a iniciar a formação na BPM.

"A ideia é fazer turmas pequenas para que melhor possamos estar com elas e dar toda a atenção possível, porque senão acabamos tendo 30 alunos e não conseguimos estar com todos eles", diz.

A formação inclui 'DJing', produção musical, 'branding' e 'marketing' artístico, distribuídos em nove módulos que combinam teoria e prática.

"Em 45 dias conseguem aprender a parte teórica e depois a parte prática. Sempre de mãos dadas para que eles não possam esquecer dos conceitos DJ, da questão da música, dos botões", acrescenta o fundador.

Fayaz nasceu em 10 de agosto de 1986 e é um dos DJ mais populares de Moçambique, com carreira iniciada em 2000 e consolidada a partir de 2004. Vencedor do concurso de DJ do Blue Xurras em 2010 e autor de sucessos como "Fala" e "Bondoro", destacou-se também como fundador do festival Nostalgia, que promove música africana dos anos 1990 e 2000.

Recebeu o prémio de Melhor DJ 2012, lançou o álbum "Tá Comprovado vol. 1" e foi nomeado cinco vezes nos Mozambique Music Awards. Paralelamente, desenvolve ações filantrópicas ligadas à Associação Moçambicana de Autismo e representou a lusofonia no festival African In Color, no Ruanda, em 2023.

Segundo o DJ Faya a formação decorre três vezes por semana, até duas horas por dia.

A escola tem procurado integrar diferentes perfis e disponibilizou "quatro bolsas a jovens com autismo".

"Um deles foi o DJ que fechou o baile da escola dele", detalhou Faya, que é também 'embaixador' das pessoas com autismo no país.

"Temos aqui alunos que já começaram a entrar para o mercado, nós estamos a auxiliá-los com material novo e material para alugar", afirma, destacando o apoio a iniciativas sociais: "Há semanas atrás lancei a minha nova música para o mercado, que é uma de socialização contra a violência das mulheres".

Apesar do crescimento da procura, persiste desigualdade de género no acesso à formação, nas várias áreas.

"Ainda existe um tabu nas mulheres, muitas vezes imposto pelo ambiente familiar. É preciso desmistificar isso", defende Faya, revelando que a nova turma na BPM conta com uma aluna e tem mais três mulheres inscritas para janeiro.

Clapton, DJ há mais de uma década, apostou na formação para reforçar competências nos 'pratos' e pistas de dança.

"É uma honra de estar ao lado do Faya, é um prazer, e também vim cá porque, não só sendo DJ, é sempre bom vir fazer um 'upgrade', vir inovar as técnicas, vir inovar a sabedoria de ser um bom DJ (...). É muito bom ser DJ e ter o diploma, ser reconhecido. E melhorar também mais ainda as minhas performances", diz Clapton, que é também promotor de eventos.

A BPM acolhe igualmente alunos sem experiência prévia, como Deise Chirindza, vendedora, que decidiu explorar a área por interesse pessoal: "Nunca fui DJ. Simplesmente sou alguém que gosta de música. Então essa experiência aqui é para me trazer um novo 'know-how' (...) às vezes é necessário que a gente tenha alguma coisa a que se segure, que possa distrair e por aí em diante", conta à Lusa.

Deise explica que esta formação representa também um desafio pessoal: "Por ser mulher, às vezes gostamos de desafiar aquilo que são as nossas capacidades".

Com alunos com idades entre os 8 e os 60 anos, a escola quer consolidar-se como referência na formação de DJ no país e com essa ideia do fundador que é também o tutor na escola de que é de "pequenino é que se torce o pepino".

"Um DJ não se forma em 10, 15, 20 dias. É todos os dias ser DJ, aprender novas técnicas sobre música, a história da música e muito mais", afirmou Faia.

"O que se ensina aqui é a minha experiência. Se a minha carreira serve como exemplo para muitos DJ, acredito que sem dúvida vão servir para os alunos que estão a entrar. Porque é dali que a gente sai em novas experiências, daquilo que eu aprendi durante anos em Moçambique e fora e que eles vão aprender", conclui.

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FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2910689/primeira-escola-de-dj-em-mocambique-quer-profissionalizar-setor#utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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