Preso injustamente durante 43 anos, enfrenta agora deportação nos EUA
- 30/10/2025
Subramanyam Vedam esteve quarenta anos encarcerado numa prisão na Pensilvânia, nos Estados Unidos, por um crime que não cometeu, mas de que foi condenado em 1980. Finalmente ilibado e libertado este mês, enfrenta agora as novas políticas de imigração de Donald Trump, e uma possível deportação.
Vedam foi condenado pelo homicídio de Thomas Kinsero, à data seu amigo e colega de universidade, tendo sido a última pessoa a vê-lo com vida. Conta NBC News, que a acusação não apresentou testemunhas, nem um motivo para o assassinato - mas, mesmo assim, Vedam cumpriu a pena.
Foi só em agosto deste ano que, perante novas provas de balística, escondidas pelos procuradores norte-americanos da acusação, um juiz anulou a condenação de Vedam e permitiu que o homem saísse em liberdade.
A 3 de outubro a irmã de Vedam preparava-se para o levar de volta a casa, ao fim de 40 anos de prisão, quando o homem foi, em vez disso, colocado sob custódia federal devido a uma ordem de deportação… de 1999.
Agora, com 64 anos, Vedam, natural da Índia, vê-se de novo numa luta judicial. Desta vez, para permanecer no país para o qual veio legalmente com apenas nove meses.
Vedam chegou aos EUA (legalmente) com nove meses
A família Vedam mudou-se para os Estados Unidos na década de 60, estabelecendo raízes no distrito de State College, na Pensilvânia. A irmã de ‘Subu’, como era chamado entre família, nasceu já em território norte-americano, enquanto que ele só foi mais tarde para o país.
Já crescido, e na universidade, Vedam deixou-se levar pelo movimento contracultura dos anos 70, que rejeitava os valores da sociedade da altura. Subu deixou crescer o cabelo e começou a ingerir drogas.
Um dia, em dezembro de 1980, Vedam pediu boleia a Kinser para ir a Lewisburg comprar as substâncias. O colega de Subu nunca mais foi visto com vida. Viria a ser encontrado nove meses depois numa área arborizada, a vários quilómetros da sua residência.
Vedam tornou-se o suspeito óbvio do crime e, portanto, enquanto a morte de Kinser era investigada, a polícia deteve-o e acusou-o de posse de droga, tendo mais tarde formalizado também a acusação de homicídio.
Em 1983, Vedam foi condenado a pena perpétua, sem direito a liberdade condicional. Já as acusações de posse de droga simplesmente não foram contestadas: Subu aceitou ser condenado por quatro acusações de venda de LSD e uma acusação de roubo, sem nunca se declarar culpado ou inocente em tribunal.
Em 1988, o caso voltou a ir a julgamento, mas a decisão anterior permaneceu.
Na prisão, tirou várias licenciaturas e foi tutor de outros reclusos
Agora, perante as políticas de imigração da administração Trump, os advogados de Vedam têm de persuadir o tribunal de imigração que a condenação do indiano relacionada com drogas não deveria ter o mesmo peso que quatro décadas de encarceramento injusto.
"43 anos de prisão injusta mais do que compensa posse com intenção de distribuir LSD quando ele tinha 20 anos", afirmou a advogada de imigração Ava Benach. "E esses 43 anos não são uma folha em branco. Ele viveu uma experiência notável na prisão", acrescentou.
Durante esses quarenta anos, Subu tirou várias licenciaturas, foi tutor de outros reclusos e passou quase meio século com apenas uma infração, relacionada com trazer arroz para o interior da prisão.
Os advogados de Subu esperam que os juízes considerem o seu caso como um todo, e que olhem para a sentença injusta, mas também para o comportamento de Vedam como recluso, e permitam que o homem permaneça no país.
Até essa decisão ser tomada, Subu, que deveria estar agora em liberdade, vai permanecer numa instalação dos serviços de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla inglesa), no centro da Pensilvânia.
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