Portugal e Croácia querem intensificar relação bilateral
- 31/10/2025
"Resolvemos assinar um memorando de entendimento -- ainda não está feito - para elevar o nível das consultas políticas e a sua regularidade e [para] chegar a haver consultas políticas também ao nível do primeiro-ministro", afirmou, por telefone, Paulo Rangel, sobre o encontro que teve com o homólogo Gordan Grlic Radman, na capital croata.
O ministro antecipa por isso "uma cooperação muito mais intensa com a Croácia".
Na reunião, os dois governantes decidiram promover um diálogo direto entre os ministros da Defesa dos dois países, que "estão agora a ter um desenvolvimento importante".
O chefe da diplomacia croata deverá também deslocar-se a Portugal.
Além disso, deverá ocorrer uma visita a nível de chefe de Governo "para justamente dar a esta relação um cunho já de outro valor", referiu o governante português.
Por outro lado, Zagreb manifestou intenção de se candidatar a observador associado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), adiantou.
Os dois ministros dos Negócios Estrangeiros debateram "uma enorme plêiade de temas", como a União Europeia, o quadro financeiro plurianual, as migrações ou o alargamento -- com especial enfoque nos Balcãs Ocidentais -, a guerra na Ucrânia -- reiterando a continuação do apoio a Kiev -, ou a autonomia energética da Europa, com Rangel a salientar que Zagreb "tem infraestruturas que permitiriam abastecer toda a Europa Central" a partir do porto de Rijeka.
A visita oficial de Rangel foi a primeira de um chefe da diplomacia portuguesa em mais de três décadas da independência da Croácia e incluiu ainda um encontro com o primeiro-ministro croata, Andrej Plenkovic, e uma visita ao parlamento, onde foi recebido pelo presidente da assembleia, Gordan Jandrokovic.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou a Croácia em 2017, reunindo-se com a então presidente, Kolinda Grabar-Kitarovic, recordou o ministro.
"[Essa visita] abriu algumas perspetivas para o futuro, depois não tiveram o seguimento imediato, mas estão agora a frutificar", referiu.
Portugal e Croácia "são países muito alinhados no tipo de interesses, apesar da posição geopolítica na Europa ser extremamente diversa", destacou.
"Temos em comum o facto de sermos países do sul da Europa e com ligações ao Mediterrâneo (...), e, como países de média dimensão, temos interesses comuns e podemos liderar algumas agendas setoriais" no contexto da União Europeia (UE), adiantou Rangel.
Lisboa e Zagreb também acordaram uma agenda comum para os próximos dois anos da Cimeira dos Países do Sul da União Europeia (MED-9), que será presidida em 2026 pela Croácia e no ano seguinte por Portugal.
No âmbito desta visita, Paulo Rangel foi condecorado com a Ordem do Príncipe Branimir com Colar, "pela excecional contribuição para a entrada da Croácia no Espaço Schengen, na qualidade de relator do Parlamento Europeu para a supervisão da adesão da Croácia ao Espaço Schengen [espaço europeu de livre circulação]", segundo um comunicado do ministério croata.
Um momento que Rangel descreveu como "muito emotivo", recordando que o relatório que conduziu no Parlamento Europeu "teve influência" na decisão do Conselho Europeu, que "inicialmente estava relutante em abrir esta porta à Croácia, mas depois percebeu que isso era a melhor forma para depois vir a abrir a porta à Roménia e à Bulgária".
A deslocação de Rangel ficou concluída com uma visita de cortesia ao Decano da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais de Zagreb e ao Departamento da Língua Portuguesa.
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