Parlamento cabo-verdiano rejeita condenação ao golpe na Guiné-Bissau
- 19/12/2025
O voto de condenação ao golpe de Estado na Guiné-Bissau foi rejeitado, com 32 votos contra do Movimento para a Democracia (MpD), partido no poder e 25 a favor, sendo 24 do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) e um da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição).
O PAICV defendia que o golpe constitui uma "grave violação da ordem constitucional" e pedia a reposição imediata da ordem democrática, a libertação dos dirigentes detidos e manifestava solidariedade ao povo guineense, às forças democráticas, políticas e à sociedade civil que lutam pela reposição da legitimidade democrática.
Rui Semedo, porta-voz da bancada do PAICV, afirmou estar "defraudado com a tentativa de consensualização entre os partidos, que não resultou num entendimento sobre a condenação da situação na Guiné-Bissau".
O deputado da UCID, António Monteiro, explicou o voto favorável do seu partido, sublinhando que "são contra qualquer tomada do poder pela força" e que "o poder deve assentar na vontade popular".
Orlando Dias, do MpD, justificou o voto de rejeição da proposta, apontando que tinham proposto um "texto consensual", mas que não houve acordo.
Acrescentou que "Cabo Verde é um país e a Guiné-Bissau é outro e que cada um tem a sua soberania".
"Queremos saber que parlamentos do mundo que se pronunciaram sobre a Guiné-Bissau", apontou ainda.
Um autodenominado "alto comando militar" tomou o poder a 26 de novembro, três dias depois das eleições gerais (presidenciais e legislativas) e um dia antes da data anunciada para a divulgação dos resultados na Guiné-Bissau.
A oposição e figuras internacionais têm afirmado que o golpe de Estado foi uma encenação orquestrada pelo então Presidente, Umaro Sissoco Embaló, por alegadamente ter sido derrotado nas urnas, impedindo assim a divulgação de resultados e mandando deter de forma arbitrária diversas figuras que apoiavam o candidato que reclama vitória, Fernando Dias.
Entre os detidos está Domingos Simões Pereira, presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), enquanto Fernando Dias está refugiado na embaixada da Nigéria, em Bissau.
Na terça-feira, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) elegeu Timor-Leste para assumir temporariamente a presidência da organização e suspendeu a Guiné-Bissau das suas atividades.
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