Países pedem ajuda para Gaza face a degradação da situação humanitária
- 30/12/2025
O documento é subscrito pelos ministros dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Dinamarca, Finlândia, França, Islândia, Japão, Noruega, Suécia, Suíça e Reino Unido.
No texto, divulgado pelo Governo francês, os representantes dos 10 países "manifestam a sua profunda preocupação com a deterioração da situação humanitária em Gaza, que se mantém catastrófica".
Os ministros alertaram que, com a chegada do inverno, os civis enfrentam "condições terríveis, com chuvas fortes e descida de temperatura", e sublinharam que 1,3 milhões de pessoas continuam a necessitar de apoio urgente para terem abrigo.
"O colapso total das infraestruturas sanitárias deixou 740 mil pessoas expostas a inundações tóxicas", prosseguem os signatários da declaração, lamentando que a maioria da população do território palestiniano continue a enfrentar "altos níveis de insegurança alimentar aguda", apesar do cessar-fogo em vigor desde 10 de outubro entre Israel e o grupo islamita Hamas.
Entre as quatro medidas que solicitam ao Governo israelita, sublinharam que as organizações não-governamentais (ONG) internacionais "devem operar em Gaza de forma sustentada e previsível", em vez de serem encerradas devido "às novas exigências restritivas" do Governo israelita.
"Isto poderá levar ao encerramento forçado das suas operações dentro de 60 dias em Gaza e na Cisjordânia, com um impacto sério nos serviços essenciais", avisam os países, referindo que um em cada três centros de saúde no enclave palestiniano "vai fechar se estas operações forem interrompidas".
Nesse sentido, os 10 países instaram Israel a permitir que a ONU e os seus parceiros trabalhem para que "possam continuar o seu trabalho vital" nos territórios palestinianos.
"Isto inclui a UNRWA [agência da ONU para os refugiados palestinianos], que fornece serviços essenciais de saúde e educação a milhões de refugiados palestinianos", sublinharam.
O parlamento israelita aprovou na segunda-feira uma revisão da lei de 2024 que declarou a UNRWA ilegal em Israel, numa decisão sem precedentes que entra em conflito com o direito internacional, retira a imunidade a esta organização, decreta a expropriação das suas instalações em Jerusalém Oriental e corta o seu fornecimento de serviços.
A medida é uma emenda a dois projetos de lei já aprovados em outubro de 2024 que proibiam a UNRWA de operar tanto em território israelita como nos territórios palestinianos ocupados, revogando um texto de 1967 que servia de base às suas atividades.
Além disso, o Governo israelita anunciou hoje que vai revogar as licenças de funcionamento de várias ONG que operam no enclave, alegando que funcionários destas organizações "estiveram envolvidos em atividades terroristas".
Na declaração hoje divulgada, o grupo dos 10 países apelou ainda para o "levantamento de restrições injustificadas" a certas importações para a Faixa de Gaza, como "equipamento médico e de abrigo urgentemente necessário que está a dificultar a reconstrução de infraestruturas críticas".
Por fim, instaram Israel a abrir as passagens fronteiriças e a facilitar o fluxo de ajuda humanitária.
"Embora saudemos a abertura parcial da passagem de Allenby, outros corredores, como Rafah, permanecem fechados ou com restrições. O objetivo de 4.200 camiões por semana deve ser um mínimo, não um máximo", observaram.
Os países signatários reforçaram que as atuais "restrições limitam a capacidade de prestar ajuda de acordo com o direito internacional humanitário" e consideraram a sua remoção essencial para "cumprir o plano abrangente para pôr fim ao conflito em Gaza".
No âmbito do cessar-fogo promovido pelos Estados Unidos com apoio da comunidade internacional, Israel e Hamas comprometeram-se com trocas de prisioneiros e reféns, retirada parcial das forças israelitas da Faixa de Gaza e acesso de ajuda humanitária ao enclave.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala no território palestiniano, que provocou mais de 70 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo grupo islamita, um desastre humanitário, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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