Opositora libertada diz que não se arrepende da luta contra Lukashenko
- 14/12/2025
"Há momentos em que surgem questões difíceis e temos de fazer escolhas difíceis. E eu fiz essa escolha difícil porque estava e continuo convencida de que defendia uma ideia justa e os meus valores", afirmou, numa conferência de imprensa na Ucrânia, para onde foi deportada após a libertação.
A Bielorrússia libertou no sábado 123 pessoas, incluindo opositores e ativistas de destaque, no âmbito de um acordo com o Presidente norte-americano, Donald Trump, que envolve o levantamento por Washington de sanções económicas contra Minsk.
No total, 114 das pessoas libertadas foram transferidas para a Ucrânia, incluindo Maria Kolesnikova.
A opositora, 43 anos, agradeceu hoje aos Estados Unidos, à Ucrânia, mas também ao Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.
Música de formação, ela foi uma das líderes dos protestos contra a reeleição considerada fraudulenta de Lukashenko, em 2020.
Em setembro desse ano, a mulher foi sequestrada pelos serviços de segurança bielorrussos e levada para a fronteira ucraniana para ser expulsa da Bielorrússia.
Mas a ativista conseguiu rasgar o passaporte, o que tornou a sua expulsão legalmente impossível e fez dela um símbolo da resistência contra o Presidente, no poder desde 1994.
Entre as pessoas libertadas está também Viktor Babariko, um ex-banqueiro que queria concorrer às eleições de 2020 contra Alexandre Lukashenko, antes de ser preso.
Durante a conferência de imprensa, Babariko explicou que os detidos na Bielorrússia só tinham acesso aos meios de comunicação bielorrussos controlados pelo governo e que, por isso, não tinham uma visão objetiva da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
"Só sabemos o que mostram na televisão bielorrussa. E eles praticamente não mostram nada", comentou.
O exército russo atacou a Ucrânia a partir do território bielorrusso, em fevereiro de 2022, e o Kremlin destacou armas nucleares táticas para a Bielorrússia durante o verão de 2023.
Babariko, de 62 anos, perdeu muito peso na prisão e disse que quer cuidar da sua saúde em primeiro lugar.
"A Bielorrússia precisa de mim, vou tentar fazer alguma coisa", disse.
O opositor também pediu para não esquecer os mais de 1.200 prisioneiros políticos que ainda existem na Bielorrússia, de acordo com a organização não-governamental (ONG) Viasna.
"Não devemos esquecer aqueles cujos apelidos nunca ouvimos (...) Seria uma grande traição", defendeu.
O seu próprio filho, Edouard Babariko, continua preso desde junho de 2020.
Entre os libertados estava também Ales Bialiatski, co-vencedor do prémio Nobel da Paz em 2022.
Bialiatski, 63 anos, fundador e dirigente da Viasna, foi a quarta pessoa a receber o prémio Nobel da Paz na prisão.
O ativista dos direitos humanos foi deportado para a Lituânia, onde foi recebido pela líder da oposição e antiga candidata às eleições presidenciais de 2020, Sviatlana Tsikhanouskaya.
Condenado em 2023 a dez anos de prisão, Bialiatski foi detido dois anos antes e já tinha cumprido outros três anos entre 2011 e 2014.
O Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, perdoou no sábado "123 cidadãos de diferentes países condenados ao abrigo das leis da República da Bielorrússia por vários crimes, incluindo espionagem, terrorismo e atividades extremistas", anunciou a presidência bielorrussa.
As libertações ocorreram em troca do levantamento das sanções norte-americanas sobre a indústria bielorrussa da potassa, uma das maiores fontes de rendimento do país, que tinham sido impostas pela administração anterior, do democrata Joe Biden.
A Bielorrússia é considerada a última ditadura da Europa e a principal aliada da Rússia na guerra com a Ucrânia.
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