ONU reafirma soberania da Somália após Israel reconhecer Somalilândia
- 30/12/2025
Numa sessão dedicada à situação na Somália, Khaled Khiari recordou que o Conselho de Segurança tem reafirmado reiteradamente o seu respeito pela soberania, independência política e unidade da nação africana.
Khiari instou ainda a Somália e a Somalilândia a retomarem um "diálogo pacífico e construtivo", recordando o Comunicado de 2023 do Djibuti como estrutura para as negociações entre as duas partes.
"Apelamos a ambas as partes para que se abstenham de qualquer ação que possa agravar ainda mais a situação", acrescentou.
O representante da Somália, Abukar Osman, condenou, por sua vez, a ação de Israel, que considera "nula e sem efeito" por "violar os princípios das Nações Unidas".
"Procuram fragmentar o território. Devemos rejeitar este anúncio nos termos mais claros", frisou Osman, que apelou aos Estados-membros para rejeitarem unanimemente esta ação, que descreveu como "um ataque à ordem jurídica internacional".
Israel reconheceu oficialmente a Somalilândia como um "Estado independente e soberano" na sexta-feira, segundo o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
O reconhecimento de Israel, o primeiro país do mundo a dar este passo, foi alvo de uma ampla condenação internacional, sobretudo de África, do mundo islâmico, da China e da União Europeia (UE).
A Liga Árabe - composta por 22 países, incluindo a Somália - declarou no domingo que o reconhecimento constitui um ataque à segurança regional e instou à aplicação de "medidas legais, económicas, políticas e diplomáticas" contra Israel.
O governo federal somali também rejeitou categoricamente a medida, afirmando que nenhum ator externo tem autoridade para alterar a sua integridade ou configuração territorial.
A Somalilândia, protetorado britânico até 1960, não é reconhecida internacionalmente, embora tenha Constituição, moeda e Governo próprios, e até mesmo um melhor desenvolvimento económico e maior estabilidade política do que a Somália.
A região declarou a sua separação da Somália, ex-colónia italiana, em 1991, após a queda do ditador Mohamed Siad Barre. Desde então, ambas as partes têm promovido, sem sucesso, várias tentativas de diálogo sobre a independência da região.
A Somália vive num estado de conflito e caos desde a queda de Barre, o que deixou o país sem um Governo efetivo e nas mãos de milícias islâmicas, como a Al-Shabab, e os chamados senhores da guerra.
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