ONU alerta que Irão aumentou repressão desde guerra com Israel (em junho)
- 31/10/2025
"Desde março deste ano, reunimos dados que mostram uma deterioração ainda maior dos direitos humanos no Irão", frisou Sara Hossain, chefe da missão internacional independente de apuração de factos sobre o Irão, estabelecida pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2022.
E a repressão que se seguiu aos ataques israelitas em junho "restringiu ainda mais o espaço cívico, prejudicou o devido processo legal e corroeu o respeito pelo direito à vida", acrescentou a responsável perante a Assembleia Geral da ONU.
Sara Hossain chamou especialmente a atenção para o destino das 21 mil pessoas detidas pelas autoridades iranianas durante os doze dias de guerra entre o Irão e Israel.
"Segundo relatos credíveis, isto incluiu advogados, defensores dos direitos humanos, jornalistas e até utilizadores de redes sociais que simplesmente publicaram conteúdo sobre as hostilidades", frisou.
Hossain alertou que "a repressão contra as minorias étnicas e religiosas sob o pretexto da segurança nacional também se intensificou".
"A nossa investigação mostra também que o governo iraniano está continuamente a desativar os cartões SIM dos jornalistas", acrescentou.
E "a repressão não se limita às fronteiras do Irão. Recebemos relatos indicando que mais de 45 jornalistas em sete países estão a enfrentar sérias ameaças por cobrirem eventos no Irão", enfatizou.
"Esta repressão renovada não é um incidente isolado, mas antes reflete uma tendência recorrente", acrescentou.
A líder da missão comparou a situação atual à repressão dos protestos de 2022 após a morte de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos presa por alegadamente violar o rígido código de vestuário imposto às mulheres.
Estes acontecimentos levaram à criação desta missão da ONU.
Sara Hossain manifestou ainda preocupação com o aumento das execuções no país.
"Segundo relatos fidedignos, mais de 1.200 pessoas foram executadas desde o início do ano, ultrapassando o total de 2024, que já era um recorde no Irão desde 2015", apontou.
A missão também examinou os ataques israelitas mortais à prisão de Evin.
"A nossa investigação preliminar mostra que os ataques israelitas atingiram edifícios civis dentro do complexo penitenciário, que não eram alvos militares legítimos, e que os ataques foram provavelmente intencionais", vincou.
As autoridades iranianas, por sua vez, podem não ter tomado "medidas razoáveis para proteger os detidos", que foram retirados após os ataques e cujas famílias, por vezes, ficaram sem notícias durante semanas.
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