ONU alarmada com mortes e violência no período pós-eleitoral nos Camarões
- 30/10/2025
"Estamos alarmados com as notícias de que várias pessoas foram mortas (...). Pedimos às forças de segurança que se abstenham do uso de força letal, e aos manifestantes que protestem pacificamente", declarou, em comunicado, a agência das Nações Unidas sediada em Genebra, Suíça.
Segundo a nota de imprensa, as autoridades devem cumprir "integralmente as suas obrigações sob o direito internacional dos direitos humanos", e os líderes políticos e os seus apoiantes devem abster-se de violência e de discurso de ódio, com especial incidência para este período pós-eleitoral das eleições presidenciais.
Por isso, a agência da ONU insta as autoridades locais a garantirem investigações rápidas, imparciais e eficazes sobre este tema e que haja um processo judicial justo, apelo esse a que se junta a Human Rights Watch, a Amnistia Internacional e outros grupos de defesa de direitos humanos.
Paul Biya, no poder desde 1982, foi reeleito para um oitavo mandato com 53,66% dos votos, de acordo os resultados oficiais anunciados a 27 de novembro pelo Conselho Constitucional e, pouco depois de ser declarado vencedor, enviou condolências às famílias de todos aqueles que "perderam desnecessariamente as suas vidas" na violência pós-eleitoral.
O ex-ministro e candidato da oposição, Issa Tchiroma, ficou em segundo lugar com 35,19% dos votos, de acordo com a instituição, mas reivindica a vitória sobre o Presidente cessante.
Desde a semana passada, os apoiantes de Issa Tchiroma, que segundo a sua própria contagem obteve 54,8% dos votos contra 31,3% de Biya, têm saído esporadicamente às ruas para reivindicar a vitória nas eleições presidenciais, o que já resultou em centenas de detidos.
No domingo, quatro pessoas morreram na capital económica, Douala, durante manifestações de apoio ao opositor, segundo o governador da região do litoral.
A União Europeia frisou terça-feira, num comunicado, que estava "profundamente preocupada" com a repressão violenta das manifestações nos dias 26 e 27 de outubro e que deplora a morte de civis.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou as mesmas preocupações esta semana, apelando às partes interessadas políticas e aos seus apoiantes para que "exerçam contenção, rejeitem a violência e se abstenham de qualquer retórica inflamatória e discurso de ódio".
A maioria dos especialistas esperava que Paul Biya ganhasse um novo mandato de sete anos.
Biya deve tomar posse dentro de 15 dias após o anúncio oficial dos resultados, em consonância com a Constituição dos Camarões.
Este é o chefe de Estado mais velho do mundo e o segundo mais antigo de África, a seguir ao homólogo da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, e é também o segundo Presidente do país desde a independência de França, em 1960.
Durante as décadas de governação de Biya, a nação centro-africana de quase 30 milhões de habitantes enfrentou desafios que vão desde um movimento secessionista (separação do território) até à corrupção que condicionou o desenvolvimento do país, apesar dos ricos recursos naturais, como o petróleo e minerais.
Desde 2016, o país da África central enfrenta um conflito contra os separatistas nas regiões de língua inglesa no noroeste e sudoeste, que são reprimidas pelo Governo.
Os Camarões também são ameaçados por grupos extremistas, como o Boko Haram e o Grupo de Apoio ao Islão e Muçulmanos.
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