ONU acusa Israel de “glorificação da violência” e expansão de colonatos
- 16/12/2025
"Estou consternado com a glorificação da violência por parte de autoridades, a sua participação em provocações perigosas, incitação e linguagem inflamatória. A incitação à violência deve cessar imediatamente", declarou Ramiz Alakbarov durante uma sessão sobre o conflito israelo-palestiniano no Conselho de Segurança da ONU.
O ministro das Finanças israelita, Bezalel Smotrich, e o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, duas figuras da fação ultrarradical e nacionalista da coligação governamental, têm sido amplamente criticados pelos seus discursos controversos em relação aos territórios palestinianos ocupados.
Ben Gvir defendeu recentemente assassínios seletivos de altos dirigentes palestinianos e a detenção do presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, caso o Conselho de Segurança da ONU aprovasse o plano de paz para a Faixa de Gaza proposto pelo líder norte-americano, Donald Trump.
Smotrich pelo seu lado tem defendido reiteradamente a anexação quase total da Cisjordânia, tendo sido fotografado a posar em agosto junto de um graffiti que incitava à "morte dos árabes".
No seu discurso perante o Conselho de Segurança, Alakbarov criticou a expansão dos colonatos, que coincide com "o aumento dos ataques dos colonos, consolidando ainda mais a ocupação ilegal e violando o direito internacional, minando a autodeterminação" do povo palestiniano.
"Condeno a expansão incessante dos colonatos israelitas na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, que alimenta as tensões, impede os palestinianos de acederem às suas terras e ameaça a viabilidade de um Estado Palestiniano contíguo e soberano", declarou.
O coordenador humanitário indicou que as operações de segurança israelitas na Cisjordânia "causaram um grande número de mortes, deslocações populacionais e destruição em grande escala", especialmente nos campos de refugiados.
"A presença contínua das forças de segurança israelitas nos campos contraria a obrigação de pôr fim à ocupação ilegal", acrescentou.
Além disso, lamentou que os ataques de colonos em territórios palestinianos "tornaram-se mais frequentes e violentos", muitas vezes "com a presença ou o apoio das forças de segurança israelitas", que resultaram em agressões, assédio e obstrução do acesso dos agricultores palestinianos às suas terras.
Ramiz Alakbarov relatou oliveiras arrancadas ou queimadas pelos colonos e searas destruídas, comentando que estes ataques "privam as famílias de meios de subsistência vitais e colocam-nas em risco de deslocação forçada".
Nesse sentido, apelou às autoridades israelitas para que impeçam estes ataques e responsabilizem os culpados.
O responsável da ONU salientou também o "grande número" de palestinianos, incluindo crianças, que permanecem detidos por Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em 07 de outubro de 2023, especialmente aqueles que se encontram em detenção administrativa sem acusação ou julgamento.
"Casos de tortura, maus-tratos, incluindo violência sexual, e mortes sob custódia são profundamente preocupantes", alertou, acrescentando que Israel "deve suspender a detenção como último recurso pelo menor tempo possível", bem como prevenir maus-tratos e abster-se de cativar administrativamente as crianças.
Roland Friedrich, diretor de Assuntos da Cisjordânia Ocupada da agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) informou pelo seu lado que as autoridades israelitas emitiram uma nova ordem de demolição para o campo de Nur Shams, no norte da Cisjordânia.
Esta ordem implica que cerca de 25 edifícios correm agora o risco iminente de demolição a partir de 18 de dezembro.
"As imagens de satélite mostram claramente que, mesmo antes desta última ordem, cerca de 48% dos edifícios no campo de Nur Shams já tinham sido danificados ou destruídos", observou.
O diretor da UNRWA, organização proibida em Israel, referiu que a nova ordem "se ajusta ao padrão" das forças israelitas que destroem casas para "garantir o seu controlo a longo prazo sobre os campos no norte da Cisjordânia, alterando permanentemente a sua topografia".
Friedrich realçou ainda que as demolições "não melhoram a segurança de ninguém" e que a deslocação forçada de mais de 32 mil refugiados palestinianos no norte da Cisjordânia "não deverá tornar-se permanente".
Os habitantes "aguardam ansiosamente" o seu regresso a casa há 11 meses, referiu, mas, "a cada golpe das escavadoras, essa esperança desvanece-se ainda mais".
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