"Nojentas"? Porta-voz do governo francês pede: "Deixem a Brigitte em paz"
- 10/12/2025
Três dias depois de Brigitte Macron ter chamado "cabras nojentas" a quatro ativistas feministas, a porta-voz do governo francês, Maud Bregeon, defendeu a primeira-dama, dizendo que falou com "espontaneidade" e pediu para que a deixassem "em paz".
Brigitte Macron tem estado envolta em polémica depois de, no domingo, ter insultado ativistas feministas que tinham protestado à porta de um espetáculo de comédia de Ary Arbittan, no dia anterior.
Em entrevista à France 2, a porta-voz do governo considerou que "o que é extremamente grave" é que aquelas mulheres tentaram interromper uma apresentação de "alguém que havia sido absolvido de todas as acusações".
"O que é que isso significa? Significa que, no final, a decisão do tribunal não importa", disse.
Para Maud Bregeon, a primeira-dama francesa "falou espontaneamente num ambiente privado e sobre um assunto, mais uma vez, em que ela não pode ser criticada".
"Deixem a Brigitte Macron em paz", pediu a porta-voz.
O que aconteceu?
A primeira-dama de França foi gravada a chamar "cabras nojentas" a um grupo de quatro ativistas no domingo.
O vídeo foi inicialmente partilhado pelo jornal local Public, e desde então correu as redes sociais. As imagens mostram Brigitte Macron - que foi ver o espetáculo no domingo com a filha Tiphaine Auziere - a falar com o comediante em causa antes de o espetáculo começar.
"Estou assustado", confessou o homem de 51 anos.
No dia anterior, note-se, quatro ativistas tinham interrompido o espetáculo de stand-up de Abittan, usando máscaras do comediante escritas com "violador", enquanto gritavam "violador Abittan".
As feministas referiam-se a uma alegação feita em 2021, que acusava o também ator de violação. Contudo, em 2023, as autoridades arquivaram o caso devido a falta de provas.
A visita da mulher de Emmanuel Macron aconteceu precisamente no dia seguinte ao incidente com as ativistas.
"Se houver alguma cabra nojenta, nós expulsamo-la", ouve-se a primeira-dama dizer, usando a expressão corriqueira "sales connes" em francês.
Uma das ativistas que tinha participado na ação de protesto no sábado disse à France24, sob anonimato, que o grupo estava "profundamente chocado e escandalizado" com a linguagem de Brigitte Macron.
"É mais um insulto a vítimas e a grupos feministas", acrescentou.
Em resposta à onda de críticas que surgiram após a divulgação do vídeo, a equipa de comunicação da primeira-dama francesa afirmou que a troca de palavras entre o comediante e Brigitte "deveria ser vista apenas como uma crítica aos métodos radicais daqueles que, usando máscaras, perturbaram o espetáculo de Ary Arbittan na noite de sábado, impedindo o artista de atuar".
"Brigitte Macron não aprova estes métodos radicais", reforçou o comunicado, citado pela imprensa francesa
Primeira-dama francesa é 'acusada' de ser um homem
Recorde-se que Brigitte Macron tem sido alvo de vários rumores que questionam o seu género, com vários internautas a alegarem que a mulher, de 72 anos, nasceu homem. As mesmas alegações referem que o seu nome verdadeiro é Jean-Michel Trogneux. Acusam também Brigitte de pedofilia, pelo envolvimento com Emmanuel Macron quando este era seu aluno.
As alegações começaram nas redes sociais após a eleição de Emmanuel Macron, em 2017. Segundo as mesmas, Brigitte Macron, cujo apelido de solteira era Trogneux, nunca existiu. Na realidade, alegam, que é o suposto irmão, Jean-Michel, que assumiu essa identidade depois de mudar de sexo.
Duas mulheres começaram a ser julgadas em junho do ano passado no Tribunal Penal de Paris por terem espalhado na internet o boato segundo o qual a mulher do presidente francês mudou de sexo, um rumor que se tornou viral.
As teorias levaram Brigitte Macron a processor duas mulheres: uma medium chamada Amandine Roy, e Natacha Rey, que se intitula "jornalista autodidata independente". Em 2021, as duas divulgaram uma entrevista de quatro horas no YouTube em que denunciavam este "engano, fraude e mentira de Estado".
Em reação, o presidente francês lamentou os "ataques machistas e sexistas" de que é alvo "uma mulher poderosa" que o acompanha.
















