"Não estamos numa feira de Natal e o nosso território não está à venda"

  • 09/12/2025

"A Ucrânia reafirma a sua disponibilidade para tomar medidas concretas para restaurar uma paz abrangente, justa e duradoura. Mas quero deixar claro: o nosso território e a nossa soberania não estão à venda. Não estamos numa feira de Natal", afirmou o diplomata ucraniano numa reunião do Conselho de Segurança da ONU.

 

Kyiv recusa ceder território à Rússia, um dos pontos que estará incluído no plano de paz promovido pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, para pôr fim à guerra na Ucrânia.

Durante a reunião, Andrii Melnyk concentrou as suas declarações em torno de uma questão: "Porque é que a Rússia ainda é capaz de travar esta guerra brutal contra a Ucrânia?"

O representante diplomático de Kyiv respondeu à sua própria questão e argumentou que a comunidade internacional não está a fazer o suficiente para travar a máquina de guerra de Moscovo através da aplicação de sanções e cortes na importação de energia russa.

"Porque é que, quase quatro anos depois de ter lançado a sua invasão militar em grande escala, Moscovo mantém os meios materiais, financeiros e políticos para continuar a atacar as cidades ucranianas e a matar civis? E porque é que a comunidade internacional ainda tolera isso?", questionou. 

"A principal razão pela qual a Rússia ainda consegue continuar a sua guerra contra a Ucrânia, produzir armas, mísseis e drones que matam as nossas crianças todos os dias é bastante simples. A Rússia ganha todo o dinheiro para financiar a guerra exportando a sua energia, recursos, petróleo, gás e carvão", vincou.

O embaixador ucraniano adiantou ao Conselho de Segurança que a Rússia arrecadou aproximadamente 270 biliões dólares (232 mil milhões de euros) com a exportação de combustíveis no ano passado, um número que considera "não menos chocante do que o número diário de vidas civis perdidas na Ucrânia".

Andrii Melnyk considerou mais impressionante a concentração destas receitas, sublinhando que apenas três países representam cerca de 75% do volume arrecadado por Moscovo, embora sem identificar diretamente os Estados.

As exportações russas de combustíveis fósseis permanecem altamente concentradas, com a China a dominar as compras de carvão e petróleo bruto, a Turquia a dominar as compras de derivados de petróleo e a União Europeia (UE) ainda a ser a maior compradora de gás russo - o que demonstra a dependência de Moscovo em relação a um pequeno grupo de clientes-chave.

A UE chegou na semana passada a um acordo para romper com todas as importações de gás russo em 2027, começando gradualmente a desconexão do gás natural liquefeito, que culminará o mais tardar em 31 de dezembro de 2026, e deixando para o outono de 2027 a eliminação definitiva do resto das importações de gás por gasoduto.

"Ou seja, devido à ausência de sanções impostas pela ONU, ausência garantida pelo abuso do poder de veto de Moscovo neste Conselho, vários Estados estão, na prática, a sustentar a máquina de guerra de Vladimir Putin, através das crescentes importações de petróleo, gás e carvão russos. Continuam a fornecer ao Kremlin o oxigénio financeiro que alimenta o fogo da guerra", criticou.

O diplomata ucraniano sublinhou que qualquer redução na capacidade da Rússia para vender os seus recursos energéticos atinge diretamente "o cofre de guerra" russo e, por isso, apelou diretamente aos Estados Unidos e a outros países "para que imponham sanções secundárias maciças contra todos os países que continuam a apoiar a máquina de guerra da Rússia".

"Quanto mais ampla for a coligação de Estados que se recusam a subsidiar a agressão russa através da importação de energia, mais cedo esta guerra chegará ao fim. Assim que o fluxo deste dinheiro sujo começar a secar, Putin será o primeiro a procurar refúgio", afirmou.

"A sua guerra depende de dinheiro, tão simples quanto isso. Cortem as receitas e este castelo de cartas desmorona-se. É por isso que cada sanção eficaz, cada carregamento de petróleo interrompido, cada contrato não renovado, importa realmente", insistiu o representante de Kyiv.

A reunião de hoje acontece num momento em que a Ucrânia tenta conseguir apoio europeu e resistir à pressão dos Estados Unidos por um acordo desvantajoso com a Rússia.

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.

Os aliados de Kyiv também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

A ofensiva militar russa no território ucraniano mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Leia Também: Zelensky enviará "em breve" revisão de plano de paz a Trump

FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2901870/nao-estamos-numa-feira-de-natal-e-o-nosso-territorio-nao-esta-a-venda#utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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