Músico sueco ensina polvo a tocar piano ao longo de seis meses
- 09/12/2025
Mattias Krantz, um músico sueco, queria, já há muito tempo ensinar um animal a tocar piano, mas só este ano deu início à aventura, que só ao fim de seis meses viria a dar frutos.
A escolha óbvia para o artista, contou ao The Washington Post, era um povo, cujos oito braços, que agem de forma relativamente independente uns dos outros, tinham a maior probabilidade de conseguirem executar a tarefa.
"Foi provavelmente a pior coisa que eu alguma vez fiz. Talvez a mais fixe, mas a pior delas todas", confessou o músico de 28 anos. "Obriguei-me mesmo a ir aos meus limites."
Krantz comprou a sua cobaia numa peixaria portuguesa em maio deste ano (e não na Coreia do Sul, como alegou primeiramente no seu vídeo no YouTube). Quando chegaram à sua casa na Suécia, o músico despejou o animal num tanque com cerca de 416 litros de água e rochas, areia e brinquedos de cão. O tanque estava ligado a máquinas que filtravam e limpavam a água.
"Vais ser o maior pianista que o mar alguma vez conheceu", disse Krantz ao polvo, a quem chamou Takoyaki (bolos de polvo japoneses), Tako (polvo em japonês) como alcunha.
Mattias Krantz e o seu polvo, Takoyaki© Mattias Krantz/YouTube
O primeiro dia foi repleto de desconfiança por parte de Tako, que se escondeu atrás das rochas no seu tanque, recusando-se a comer os caranguejos e mexilhões que Krantz tinha pescado na costa sueca. No segundo dia, Tako saiu do esconderijo, aceitando o alimento. O músico aproveitou o voto de confiança, para testar o animal de oito tentáculos: deu-lhe um frasco (com caranguejo e mexilhão) fechado com uma tampa de plástico para o polvo abrir. Ao fim de três dias, Tako conseguiu passar no teste.
O próximo passo foi desenhar uma peça de piano, com recurso a uma impressora 3D, e colocá-la no tanque. No primeiro dia, Takoyaki não quis saber do novo objeto; no segundo, esticou um dos seus tentáculos e tocou-lhe - e Krantz recompensou-o com comida.
Tako toca, pela primeira vez, na tecla© Mattias Krantz/YouTube
Com o passar dos dias, no entanto, o músico percebeu que a ação de pressionar a tecla não era natural para o polvo e, por isso, desenvolveu uma espécie de alavanca, que Tako podia puxar de forma a criar o som pretendido. Takoyaki também decidiu partir algumas das teclas e roubá-las sorrateiramente para debaixo das suas rochas.
Mesmo assim, uma nova etapa tinha sido alcançada: Tako conseguia tocar a tecla. Por isso, Krantz meteu mãos à obra e criou um piano de 15 peças - um processo que Tajo observou atentamente, colando o seu corpo ao vidro do tanque que é a sua casa. Quando o piano finalmente chegou aos seus tentáculos, Tako decidiu que preferia sentar-se em cima dele.
Krantz começou por acrescentar uma coluna à prova de água ao tanque, para que Tako pudesse sentir a vibração cada vez que uma nota soava - e assim, começasse a tocar. A coluna funcionou, mas o polvo apenas puxava alavancas aleatórias, sem conseguir criar uma melodia.
Depois, o músico desenhou símbolos (círculos, cruzes e riscas) às peças. Tako não lhes ligou. Krantz colocou, então, imagens de caranguejos nas teclas, mas o polvo quis apenas saber dos desenhos, sem puxar as alavancas.
O processo de tentativa e erro fez com que Krantz nota-se num pormenor: Tako seguia atentamente qualquer movimento no tanque. E assim, surgiu uma nova versão do piano onde, com a ajuda de rede de pesca, Krantz abanava as alavancas, levando a que Tako as agarrasse e puxasse com os seus tentáculos.
Tako puxa as alavancas nas teclas do piano© Mattias Krantz/YouTube
Após uma semana do novo sistema, o polvo tocou duas notas seguidas. Duas semanas depois, tocou um acorde no piano. E depois, após quatro meses de treino, estagnou. Tako, como seria de esperar, não tinha qualquer interesse em aprender o instrumento e, a certa altura chegou até a fugir do tanque e a esconder-se num armário.
O músico começou a perder a esperança, mas notou que por volta das 18h00 (o horário em que normalmente treinavam) Tako ficava a olhar fixamente para o piano, quase como se tivesse vontade de tocar.
"A única coisa em que eu sou verdadeiramente bom é teimosia insana", disse Krantz que, apesar de tudo, não desistiu e tentou uma nova técnica para aliciar o polvo a tocar.
No início de agosto, o músico inseriu um tubo de acrílico no tanque e colocou lá dentro um caranguejo (a comida preferida de Tako). Cada vez que Takoyaki tocasse uma nota, o caranguejo descia um pouco pelo tubo. A única maneira de conseguir o alimento, seria continuar a tocar as teclas para que o caranguejo continuasse a descer pelo "elevador" - como lhe chamou Krantz - e chegasse, por fim, aos seus tentáculos.
Tako e o novo "elevador de caranguejos"© Mattias Krantz/YouTube
A meio desse mesmo mês, Krantz começou a tocar guitarra enquanto abanava as alavancas no piano de Tako: homem e polvo começaram a tocar juntos.
Para além de agora criarem música todos os dias, Krantz passou a ver Tako como um animal de estimação e decidiu manter o polvo. O animal, em média, vive entre um a dois anos e Tako já deverá ter 14 meses. Hoje em dia, Takoyaki passa a maior parte do dia a dormir, mas acorda sempre para tocar com Krantz.
Tako e Mattias Krantz tocam juntos© Mattias Krantz/YouTube
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