MP de Marrocos acusa quase 2.500 pessoas de violência em protestos juvenis
- 30/10/2025
Dos 2.480 acusados, 1.473 pessoas permanecem sob custódia a aguardar julgamento por acusações que incluem rebelião armada, insulto e uso de violência contra um funcionário público em exercício de funções e incitamento à prática de crimes.
As manifestações apanharam Marrocos de surpresa, depois de um movimento liderado por jovens, denominado Gen Z 212, ter mobilizado milhares de pessoas em todo o país para protestar contra a situação dos serviços públicos.
O movimento, organizado em plataformas de redes sociais como o Discord, criticou os gastos do governo em infraestruturas para acolher eventos desportivos, negligenciando ao mesmo tempo os serviços sociais.
Embora os organizadores tenham apelado a manifestações pacíficas, os protestos tornaram-se violentos em algumas cidades, fazendo três mortos, muitos feridos e danos em lojas e viaturas.
Os grupos de defesa dos direitos humanos criticaram a abordagem repressiva das autoridades em relação aos manifestantes, mas o MP afirmou que as intervenções foram realizadas de forma legal.
A Associação Marroquina para os Direitos Humanos denunciou as detenções e classificou-as como aleatórias, enquanto a Gen Z 212 exigiu a libertação de todos os detidos nos protestos.
"Aqueles que clamam por uma oportunidade justa para o seu futuro não devem ser recebidos com força letal e repressão", disse Hanan Salah, diretora associada da Human Rights Watch, em comunicado, na semana passada.
O MP afirmou que já foram condenadas mais de 400 pessoas, com penas de prisão que variam entre um e 15 anos, e acrescentou que 34 pessoas foram absolvidas de todas as acusações.
Em 19 de outubro, o Governo marroquino anunciou medidas para incentivar a participação dos jovens na vida política e apoiar reformas sociais.
Um dos textos propõe simplificar a elegibilidade de candidatos com menos de 35 anos e atribuir subsídios até 75% dos custos de campanha eleitoral, de forma a facilitar o acesso dos jovens à arena política.
Outro projeto de lei pretende modernizar os partidos políticos, promovendo maior transparência e incentivando a participação de mulheres e jovens na sua direção e gestão.
Estas reformas inserem-se no apelo do rei Mohammed VI, feito no Discurso do Trono em julho, para "acelerar a nova geração de programas de desenvolvimento territorial" e evitar "um Marrocos a duas velocidades".
O Governo prometeu um "esforço orçamental" de 140 mil milhões de dirhams (12,9 mil milhões de euros) para 2026 nos setores da saúde e da educação, incluindo a criação de 27 mil novos empregos.
O plano prevê a abertura de novos hospitais universitários em Agadir e Laayoune, a renovação de 90 unidades hospitalares e o reforço do ensino pré-escolar e da qualidade educativa.
As medidas darão prioridade às regiões mais desfavorecidas, como zonas montanhosas, oásis e áreas rurais, bem como ao desenvolvimento sustentável da faixa costeira.
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