Mais de 130 mortos, mas "só" 4 polícias. Rio de Janeiro defende operação
- 29/10/2025
O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor dos Santos, defendeu esta quarta-feira que a megaoperação contra o Comando Vermelho - e que provocou mais de 130 mortos - teve um "dano colateral muito pequeno", sublinhando que "as vítimas" são apenas "quatro inocentes" que foram baleados e os quatro polícias que morreram. A mesma ideia já tinha sido defendida pelo governador daquele estado brasileiro.
"As vítimas são os quatro inocentes que foram baleados e os quatro policiais que morreram", disse o responsável numa conferência de imprensa sobre a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, depois de frisar que houve um "dano colateral muito pequeno".
O secretário de Segurança Pública reconheceu que a operação resultou em "alta letalidade", que "era previsível, mas não desejável", e lamentou que "parte dos criminosos tenha decidido atacar o Estado".
A operação teve como objetivo atrair os suspeitos para as áreas de mata nos arredores dos complexos da Penha e do Alemão para "minimizar o dano colateral" e evitar que os moradores fossem vítimas dos confrontos.
Victor dos Santos explicou ainda que a preparação da operação durou cerca de um ano. "O Rio de Janeiro tem quase 1/4 de sua população morando em favelas, enquanto o percentual no Brasil é de 8,1%. São nove milhões de metros quadrados de desordem na Penha e no Alemão. Uma investigação de aproximadamente um ano, que envolveu as polícias do Rio e de vários estados, principalmente do Pará", frisou.
Presente na mesma conferência de imprensa, o secretário da Polícia Militar, Marcelo de Menezes, revelou que a operação de "alto risco" contou 2.500 polícias e militares.
"Quero me solidarizar com os policiais mortos, com as famílias, com os policiais feridos numa ação extremamente arriscada, complexa", afirmou Menezes.
"Tirando a vida dos policiais, o resto da operação foi um sucesso"
Antes, em declarações aos jornalistas, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, tinha descrito a megaoperação como "um sucesso" porque "só" morreram quatro polícias.
"Foi um sucesso, ontem. Tirando a vida dos policiais, o resto da operação foi um sucesso", frisou, citado pela CNN Brasil.
"Temos muita tranquilidade de defendermos tudo que fizemos ontem. Queria me solidarizar com a família dos quatro guerreiros que deram a vida para salvar a população. De vítima ontem lá, só tivemos esses policiais", acrescentou.
As forças de segurança brasileiras adiantaram, ainda, que a megaoperação de ontem provocou 119 mortos e levou à detenção de 113 pessoas. Já a Defensoria Pública do Rio de Janeiro disse que morreram 132 pessoas.
Felipe Curi, secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, indicou que 58 mortos foram contabilizados no dia da operação e outros 61 foram encontrados numa zona de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, onde ocorreram os confrontos entre a polícia e os criminosos.
"Foi o maior baque que o Comando Vermelho já tomou, desde a sua fundação. Nunca houve perda tão grande de drogas, armas e lideranças. Hoje em dia todo mundo é vítima, tudo é vítima. O ladrão é vítima da sociedade, o traficante passou a ser filho do usuário", disse, defendendo tratar-se de uma "ação legítima".
Cerca de 2.500 polícias realizaram, na terça-feira, uma megaoperação nas comunidades que compõem os complexos de favelas da Penha e do Alemão, destinada a prender os líderes da organização.
Como represália, membros do grupo criminoso brasileiro Comando Vermelho bloquearam, na terça-feira, várias e importantes vias no Rio de Janeiro, paralisando parcialmente a cidade.
O Comando Vermelho dedica-se principalmente ao tráfico de drogas e de armas, e o seu centro de operações situa-se no estado do Rio de Janeiro, onde controla algumas comunidades da cidade, embora tenha presença em grande parte do país, especialmente na região da Amazónia.
A organização nasceu na década de 1980, quando a ditadura militar concentrou nas mesmas prisões delinquentes comuns e membros de grupos de guerrilha com formação política e até militar.
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