Líder de Macau quer melhor desempenho do território como ponte sino-lusófona
- 18/11/2025
Na apresentação das Linhas de Ação Governativa (LAG) para 2026, Sam Hou Fai apontou como um dos objetivos o "melhor desenvolvimento e desempenho do papel de Macau como plataforma sino-lusófona". No discurso na Assembleia Legislativa (AL, parlamento), afirmou que se pretende o "reforço da função da plataforma de serviços para a cooperação comercial".
"Promover-se-á o aumento do investimento através do fundo entre a China e os países de língua portuguesa e otimizar-se-ão as estratégias e os mecanismos de investimento", disse.
Além de pretender aumentar o apoio às empresas de Macau para investirem no universo de países lusófonos, Sam Hou Fai disse que o Governo quer reforçar a construção da "plataforma de serviços financeiros entre a China e os países de língua portuguesa, com a realização da Conferência dos Sistemas de Pagamento dos Bancos Centrais dos Países de Língua Portuguesa", para promover o contacto com autoridades de supervisão financeira dos países lusófonos.
Macau, com uma economia profundamente dependente do jogo, tem procurado diversificar as fontes de receitas, e as Finanças têm sido uma das apostas. Sam Ho Fai anunciou hoje também a restruturação da Autoridade Monetária de Macau.
A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) como plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003 e, nesse mesmo ano, criou o Fórum de Macau.
O fundo de cooperação foi criado em 2013 pelo Banco de Desenvolvimento da China e pelo Fundo de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Macau, com mil milhões de dólares (862 milhões de euros). segundo o secretário-geral do fórum foram investidos cerca de 60%.
O fundo tem sido criticado por responsáveis políticos de vários países, incluindo Portugal, Angola e Moçambique, que pediram a alteração das regras de candidatura. As atuais obrigam, por exemplo, que os projetos candidatos tenham um investimento mínimo de cinco milhões de dólares (4,31 milhões de euros), quando o Fundo apenas cobre 20% do investimento total, remetendo o resto para governos ou empresas.
Será dado impulso, anunciou ainda o chefe de Governo, à construção do Centro de Cooperação e Intercâmbio de Ciência e Tecnologia entre a China e as nações lusófonas.
A criação deste centro para promover a transferência de tecnologia da China para países de língua portuguesa já tinha sido anunciada nas últimas LAG, as primeiras de Sam Hou Fai.
Por outro lado, disse o responsável, vai continuar a realizar-se o concurso de inovação e empreendedorismo para empresas de tecnologia do Brasil e de Portugal, "reforçando a colaboração e o contacto com as universidades, empresas, instituições incubadores, assim como projetos de criação de negócio e de investimento de capitais do Brasil e de Portugal, procurando o estabelecimento de um número maior de projetos excelentes em Macau e Hengqin".
Planeada está ainda a organização de "roadshows de projetos científicos e tecnológicos do Brasil e de Portugal e visitas de estudo à Grande Baía, por forma a atrair a instalação de mais projetos de ciência e tecnologia do Brasil e de Portugal de alta qualidade em Macau, em Hengqin e na Grande Baía".
A Grande Baía é um projeto de Pequim que tem como objetivo criar uma metrópole mundial a partir das regiões administrativas especiais chinesas de Macau e de Hong Kong e outras nove cidades da província vizinha de Guangdong, onde habitam mais de 80 milhões de habitantes.
Também lançada por Pequim, em 2021, a iniciativa da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin abarca uma área de cerca de 106 quilómetros quadrados e uma população de mais de 53 mil habitantes.
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