Líbano acusa Israel de preferir as armas às negociações
- 31/10/2025
Aoun tinha-se pronunciado em 13 de outubro a favor de negociações entre os dois países vizinhos, ainda em estado de guerra.
"O Líbano está pronto para negociações para pôr fim à ocupação israelita, mas qualquer negociação (...) exige uma vontade recíproca, o que não é o caso", lamentou Aoun, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Israel "responde a esta opção [de negociações] conduzindo mais ataques contra o Líbano (...) e intensificando a tensão", disse Aoun num encontro em Beirute com o chefe da diplomacia alemã, Johann Wadephul.
Apesar do cessar-fogo de novembro de 2024 que pôs fim à guerra entre o movimento xiita libanês Hezbollah e Israel, o exército israelita continua a realizar ataques regulares no Líbano, intensificados nos últimos dias.
Aoun apelou à "comunidade internacional, à UE e aos Estados Unidos para que pressionem Israel a cumprir o acordo de cessar-fogo", noticiou a Agência Nacional de Informação (ANI) libanesa.
"A nossa opção pelas negociações visa recuperar as terras ocupadas, libertar prisioneiros e garantir a retirada total das colinas, mas Israel respondeu com nova agressão no sul e no [vale do] Becá", acrescentou.
O ataque de hoje em Kounine, no sul do Líbano, matou um homem que se deslocava numa moto, disse a ANI.
O Ministério da Saúde divulgou um balanço de um morto e um ferido.
O exército israelita disse que no ataque eliminou um "responsável pela manutenção do Hezbollah", que trabalhava na reconstrução de infraestruturas do grupo no sul do Líbano.
O ataque ocorreu um dia depois da incursão de uma unidade israelita na localidade fronteiriça de Blida, onde os soldados mataram um funcionário municipal.
Aoun pediu ao exército para enfrentar qualquer nova incursão israelita em território libanês.
Um balanço da AFP com base em dados do Ministério da Saúde indica que pelo menos 25 pessoas, incluindo um sírio, foram mortas nos ataques israelitas desde o início do mês.
A ONU disse na terça-feira que 111 civis foram mortos no Líbano pelas forças israelitas desde o início do cessar-fogo.
Ao receber o homólogo alemão, o ministro dos Negócios Estrangeiros libanês, Youssef Raggi, pediu ajuda para "pressionar Israel a cessar as agressões".
"Só uma solução diplomática, e não militar, pode assegurar a estabilidade e garantir a calma no sul", afirmou o ministro libanês, citado pela ANI.
Raggi acrescentou que "o Governo libanês continua a implementar progressivamente a decisão de colocar todas as armas sob o seu controlo".
O Hezbollah saiu muito enfraquecido do conflito e os Estados Unidos exercem uma forte pressão sobre o Governo libanês para que o movimento xiita entregue as armas ao exército, algo que até agora tem recusado.
O exército israelita matou mais de 4.000 pessoas e feriu cerca de 17.000 nos ataques ao Líbano, de acordo com a agência de notícias turca Anadolu.
Os ataques começaram em outubro de 2023, quando Israel invadiu a Faixa de Gaza depois de ter sofrido um ataque do grupo radical palestiniano Hamas, e transformaram-se numa ofensiva em grande escala em setembro de 2024.
O Hezbollah, que perdeu grande parte dos dirigentes no conflito, tem o apoio do Irão para combater Israel, à semelhança do Hamas e de outros grupos radicais da região.
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