Keiko Fujimori anuncia candidatura à presidência do Peru pela quarta vez
- 31/10/2025
Num comício realizado na cidade de Trujillo, no norte do país, uma das mais afetadas pelo aumento do crime organizado, Fujimori confirmou que voltará a ser candidata à Presidência em 2026, apenas uma semana depois de o Tribunal Constitucional ter decidido arquivar o processo em que era acusada de lavagem de dinheiro pelo financiamento irregular das campanhas eleitorais anteriores.
A líder do partido fujimorista Fuerza Popular precisou que será candidata apenas à Presidência e que não liderará a lista do seu partido para o Senado porque não quer "um prémio de consolação" e porque não quer nem precisa de imunidade, em referência ao chamado "caso Cócteles", pelo qual estava a ser processada há cerca de dez anos.
"Hoje, aqui, rodeada pela família fujimorista, acompanhada à distância por peruanos que nos assistem nas redes sociais, quero anunciar a minha decisão de ser candidata à Presidência da República pelo Fuerza Popular", anunciou Keiko Fujimori entre aplausos.
A candidata, que ainda aguarda confirmação nas eleições internas do partido e o registo oficial da candidatura junto das autoridades eleitorais, anunciou que será acompanhada pelos ex-deputados Luis Galarreta e Miguel Torres, dois homens da máxima confiança, como candidatos à primeira e segunda vice-presidência, respetivamente.
"Eles têm uma grande experiência política, conhecem bem a gestão pública e sempre tiveram a capacidade de gerar diálogos e consenso", indicou Keiko.
Fujimori garantiu que o país já combateu o terrorismo sob a liderança do pai, que faleceu em setembro de 2024 e que a filha recordou com algumas imagens, prometendo determinação no combate à onda de violência que afeta especialmente Lima e Trujillo.
A candidata afirmou que governará como 'El Chino' (o pai): com mão dura, mas também como as mães governam as suas casas, com cabeça fria, coração grande e mãos limpas.
"Vamos trabalhar sem espírito de vingança, mas em busca de uma reconciliação verdadeira. Não prometo milagres, mas sim resultados", afirmou Fujimori, que encorajou os presentes a não terem medo.
"Continuemos a sonhar, temos a capacidade de enfrentar esta violência ou, melhor dizendo, o terrorismo urbano, mas esse terrorismo urbano não se combate com discursos, palavras bonitas ou ações a partir de secretárias, essa maldita violência tem de ser combatida nas ruas, com as Forças Armadas e com inteligência", afirmou.
"O fujimorismo trará a autoridade de que todos os peruanos precisam", acrescentou Fujimori, reivindicando o legado do pai para o crescimento económico e a pacificação do país em face aos grupos subversivos Sendero Luminoso e Movimento Revolucionário Túpac Amaru (MRTA).
Fujimori perdeu a segunda volta das eleições presidenciais nu Peru para Ollanta Humala em 2011 por 2,9 pontos percentuais em votos válidos, para Pedro Pablo Kuczynski, em 2016, por 0,26 pontos, equivalentes a cerca de 42.500 votos; e contra Pedro Castillo, em 2021, também por 0,26 pontos, o equivalente a 44.300 votos.
A política nunca aceitou os resultados das duas últimas derrotas, considerando, sem provas conclusivas, que houve algum tipo de fraude para impedi-la de ganhar. Por isso, a partir do Congresso, onde o fujimorismo tem sido a força mais numerosa nestes anos, tem procurado desenvolver o projeto político através de uma oposição ferrenha.
Até o momento, também anunciaram candidaturas às presidenciais de 2026 no Peru o ultraconservador, ex-prefeito de Lima, Rafael López Aliaga, pelo partido Renovación Popular, e o empresário e ex-governador César Acuña, pelo partido de direita Alianza Para el Progreso (APP).
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