Kamala Harris regressa com comité de ação política para ajudar democratas
- 16/12/2025
A criação do "Fight for the People PAC" é, na análise do cientista político Thomas Holyoke, uma forma de Kamala Harris manter relevância política um ano depois da derrota contra o republicano Donald Trump e no seguimento da decisão de não se candidatar a governadora da Califórnia, o seu estado nativo.
"Ela está a tentar arranjar forma de se manter relevante e uma das líderes do Partido Democrata, de continuar a ser reconhecida", disse à agência Lusa o analista, professor na Universidade Estadual da California em Fresno.
"Isto enquanto decide o que vai fazer em 2028 e talvez para gerar alguma boa vontade entre outros democratas ao contribuir para as suas campanhas", indicou.
A ideia é que, se Kamala Harris decidir recandidatar-se à nomeação democrata para presidente em 2028, terá vários anos de trabalho no terreno para mostrar como argumentos.
"Terá andado a promover-se a si, às suas ideias e outros candidatos", frisou Holyoke.
É uma abordagem diferente da que foi tomada por Hillary Clinton no rescaldo da derrota contra Donald Trump, em 2016, e sinaliza que Kamala Harris não quer desistir da sua carreira política.
O PAC, embora limitado no que pode contribuir pelas leis de financiamento de campanha, permitirá a Kamala Harris continuar no terreno quando a 'tour' de promoção do seu livro "107 Dias", que está agora a decorrer, chegar ao fim.
A ex-candidata disse aos apoiantes num email que pretende usar os recursos do PAC para "viajar, falar e ajudar a eleger democratas em todo o lado", apelando a que façam donativos para dar balanço no arranque da iniciativa.
Harris contextualizou a decisão com o momento que se vive nos Estados Unidos, quase no final do primeiro ano de mandato da segunda presidência de Donald Trump.
"É uma agenda -- uma visão estreita e egoísta da América -- em que punem quem diz a verdade, favorecem os leais ao partido, lucram com o poder e deixam os restantes à sua sorte", argumentou a democrata.
O PAC inicia as atividades numa altura em que os dois principais partidos dos Estados Unidos se preparam para o embate em 2026, ano de eleições intercalares que decidirá o controlo das duas câmaras do Congresso.
A expectativa é de que os democratas retomem a maioria na Câmara dos Representantes (câmara baixa) e que os republicanos continuem a controlar o Senado (câmara alta), mas há movimentações e incertezas após o redesenho dos mapas eleitorais no Texas e na Califórnia.
O "Fight for the People PAC" será um dos instrumentos dos democratas para tentar ganhar assentos suficientes para virar a câmara baixa, que está sob controlo dos republicanos por uma margem pequena (220 contra 213). O partido que ganhar 218 lugares em 2026 estará na maioria.
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