Jornalistas cabo-verdianos denunciam ataque à liberdade de imprensa na TCV
- 31/10/2025
A AJOC condenou a decisão do conselho de administração da Rádio e Televisão de Cabo Verde (RTC) "de suspender a diretora da TCV [Televisão de Cabo Verde]", a jornalista Bernardina Ferreira, durante 45 dias, com perda de remuneração.
Segundo a associação sindical, trata-se de um ato de "retaliação", depois de a diretora se ter queixado, nos últimos meses, de ingerência da administração na autonomia editorial -- queixas a que a Autoridade Reguladora da Comunicação (ARC) veio dar razão, em deliberações a 25 de agosto e 02 de setembro.
Numa queixa, estava em causa a emissão de "spots" de "propaganda governamental", segundo a deliberação da ARC, e noutro a contratação de um programa externo sem conhecimento da direção de informação.
No comunicado de hoje, a AJOC exigiu "uma intervenção imediata do Conselho Independente da Comunicação Social, com vista à reposição da legalidade e ao restabelecimento da normalidade institucional na RTC" e apelou ao Governo e às entidades competentes para que "cumpram o seu dever constitucional de garantir a independência dos órgãos públicos de comunicação social".
A associação expressa ainda total solidariedade à jornalista Bernardina Ferreira e aos demais profissionais da RTC "que têm sido alvo de pressões, perseguições e tentativas de silenciamento".
Segundo a AJOC, há uma "ingerência política e administrativa inaceitável na esfera editorial da televisão pública, visando punir uma responsável que se limitou a defender a lei e a autonomia editorial que lhe é legalmente conferida".
"Não estamos perante um conflito de gestão, isto é claramente um ataque frontal à liberdade de imprensa e à independência profissional dos jornalistas em Cabo Verde", lê-se no comunicado, em que se considerou "incompreensível e preocupante o silêncio do Conselho Independente da RTC".
O sindicato detalhou, no comunicado, que "um dos administradores da RTC, ele próprio jornalista, não subscreveu as decisões do conselho de administração, o que demonstra que há, dentro da própria estrutura, consciência da gravidade e da ilegitimidade dos atos agora confirmados".
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