Índia, Emirados e Paquistão condenam suposto ataque a casa de Putin
- 31/12/2025
O embaixador norte-americano na NATO, Matthew Whitaker, questionou hoje a acusação da Rússia de que a Ucrânia atacou a residência de Putin, dizendo que "não é claro se isso realmente aconteceu".
Em declarações à Fox Business, Whitaker afirmou querer ver os dados dos serviços de informações norte-americanos sobre o incidente, anunciado pelo Kremlin horas depois de um encontro na Florida entre o Presidente Donald Trump e o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, sobre o plano de paz em negociação para pôr cobro ao conflito iniciado pela invasão russa há quase quatro anos.
O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que "não existem provas concretas que corroborem as graves acusações feitas pelas autoridades russas, mesmo após a verificação da informação junto dos parceiros" de Paris.
Na segunda-feira, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, acusou as forças ucranianas de lançarem mais de 90 drones, entre domingo e segunda-feira, contra a referida residência presidencial de Putin na região de Novgorod (noroeste).
Lavrov indicou que todos os aparelhos aéreos não tripulados foram intercetados.
Apesar do ataque, Moscovo não vai abandonar a mesa de negociações com os Estados Unidos, garantiu Lavrov, embora tenha admitido que o incidente pode levar a alterações na posição russa.
Em Moscovo, o porta-voz do Kremlin escusou-se hoje a fornecer provas das alegações, mas apontou para consequências ao nível das negociações de paz.
"As consequências são endurecer a posição negocial da Federação Russa", disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov, em conferência de imprensa.
Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andrii Sybiga, negou qualquer ataque à propriedade de Putin, lamentando que Moscovo não tenha apresentado quaisquer provas que sustentem a acusação.
"Quase um dia se passou e a Rússia ainda não apresentou nenhuma prova plausível que sustente as acusações de que a Ucrânia atacou uma residência de Putin", escreveu nas redes sociais, sublinhando "não ter acontecido qualquer ataque desse tipo".
Não obstante as dúvidas sobre a alegação russa, vários governos próximos de Moscovo condenaram hoje o suposto incidente.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, afirmou-se hoje "profundamente preocupado com os relatos" do ataque a uma residência de Putin, apelando ao foco nas negociações de paz.
No vizinho e rival Paquistão, o primeiro-ministro Shebhaz Sharif classificou o suposto ataque como "um ato hediondo" e nos Emirados Árabes Unidos o Ministério dos Negócios Estrangeiros denunciou este "ataque deplorável".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano respondeu manifestando-se "desapontado e preocupado ao ver as declarações dos Emirados Árabes Unidos, da Índia e do Paquistão a expressarem as suas preocupações em relação ao ataque que nunca aconteceu".
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
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