Homenagem? Família de Brigitte Bardot "não respondeu" a pedido de Macron
- 30/12/2025
O Palácio do Eliseu, residência oficial do chefe de Estado francês, revelou esta terça-feira que ofereceu à família de Brigitte Bardot, que morreu na segunda-feira, a oportunidade de realizar uma homenagem nacional à atriz. No entanto, não obteve resposta.
"Houve uma conversa com a família, com uma proposta para a realização de uma homenagem, mas a família não deu seguimento", indicou fonte próxima da presidência francesa à agência de notícias France-Presse (AFP).
Segundo a mesma fonte, oferecer uma homenagem nacional está de acordo com "o costume republicano", sendo que as mesmas são "sistematicamente decididas em comum acordo com a família do falecido".
A notícia foi avançada após Éric Ciotti, presidente da UER, partido aliado da Reunião Nacional com o qual Bardot tinha estreita ligação, ter pedido ao presidente francês, Emmanual Macron, que organizasse uma homenagem nacional ao ícone de cinema.
Já o líder do Partido Socialista, Olivier Faure, apesar de elogiar a "atriz icónica", defendeu que as homenagens nacionais são concedidas por "serviços excepcionais à Nação" e lembrou que a artista "voltou as costas aos valores republicanos".
O funeral de Brigitte Bardot realiza-se no próximo dia 7 de janeiro, na cidade francesa de Saint-Tropez, sendo antecedido por uma cerimónia religiosa transmitida em direto. O presidente francês não estará presente.
A atriz francesa Brigitte Bardot morreu aos 91 anos na sua residência La Madrague, em Saint-Tropez, no sul de França, no domingo.
No dia da morte, Emmanuel Macron salientou que a atriz "personificava uma vida de liberdade" e lamentou a "perda de uma lenda do século".
"Os seus filmes, a sua voz, o seu brilho deslumbrante, as suas iniciais, as suas tristezas, a sua paixão generosa pelos animais, o seu rosto convertido em Marianne [emblema nacional da França, para o qual o escultor francês Alain Gourdon usou Brigitte como modelo], Brigitte Bardot personificava uma vida de liberdade", começou por afirmar Emmanuel Macron numa publicação na rede social X.
"Uma existência francesa, um brilho universal. Ela tocou-nos. Lamentamos a perda de uma lenda do século", acrescentou.
Ses films, sa voix, sa gloire éblouissante, ses initiales, ses chagrins, sa passion généreuse pour les animaux, son visage devenu Marianne, Brigitte Bardot incarnait une vie de liberté. Existence française, éclat universel. Elle nous touchait. Nous pleurons une légende du siècle.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) December 28, 2025
Nascida em 28 de setembro de 1934, em Paris, no seio de uma família da alta burguesia, católica e conservadora, demonstrou desde muito jovem interesse pelas artes, tendo-se consagrado internacionalmente no cinema a partir do filme "E Deus Criou a Mulher", que reforçou com a participação em "O Ddesprezo" (1963), de Jean-Luc Godard.
Sentindo-se cada vez mais desconfortável com a fama e a imagem pública, Brigitte Bardot retirou-se do cinema em 1973, aos 39 anos, deixando para trás cerca de 50 filmes e 24 discos gravados, para se dedicar à defesa dos animais.
Em 2023, chegou a enviar uma carta ao presidente francês para criticar a sua inação face aos direitos dos animais. "Estou indignada com a sua inação, a sua covardia, o seu desprezo pelo povo francês, que, diga-se de passagem, retribui o favor", escreveu, citada pelo Le Figaro.
Ao longo da vida, também se envolveu em polémicas, nomeadamente por declarações políticas controversas que a associaram à extrema-direita de Marine Le Pen e que a levaram a ser multada por incitamento ao ódio racial em França.
Nos últimos anos, viveu retirada entre as suas mansões em Saint-Tropez (La Madrague e La Garrigue, esta mais escondida e rodeada de natureza), mantendo uma vida discreta, dedicada às causas animais.















