Forças sírias detêm 21 pessoas ligadas a al-Assad em nova crise

  • 30/12/2025

O recolher obrigatório, imposto pelas Forças de Segurança Interna e pelo Exército em Latakia, começou às 17h00 locais (14h00 em Lisboa) de hoje e continuará até às 06h00 (03h00) de quarta-feira, informou o governo daquela região na plataforma Telegram.

 

A medida foi acompanhada pelo destacamento de forças de segurança para as ruas de Latakia, após vários episódios de violência entre forças governamentais e grupos leais a al-Assad.

"Estas medidas estão a ser tomadas para manter a segurança pública e a paz civil, e para controlar o caos e os ataques a propriedades públicas e privadas causados por convocatórias externas para protestos no dia 27 deste mês", declararam as autoridades de Latakia.

As mesmas autoridades informaram à agência de notícias estatal síria Sana que "21 pessoas remanescentes do regime deposto" foram detidas por "participação em atos criminosos, incitação sectária e ataques às Forças de Segurança Interna".

No passado domingo, Latakia viveu momentos de extrema tensão devido a confrontos entre as autoridades sírias e grupos leais ao anterior regime, que eclodiram no seguimento de protestos contra um ataque a uma mesquita alauita na cidade de Homs.

As autoridades sírias intensificaram as medidas de segurança ao longo da semana nas províncias costeiras devido ao aumento da tensão e aos apelos para protestos após a morte de oito pessoas no atentado de sexta-feira à mesquita daquela comunidade xiita.

O ataque foi reivindicado no Telegram na sexta-feira pelo pouco conhecido grupo Saraya Ansar al-Suna, que se opõe às minorias religiosas na Síria e mantém ideias ligadas ao grupo terrorista Estado Islâmico.

A comunidade alauita tem estado no centro de graves vagas de violência sectária ao longo do ano, entre membros das antigas forças de segurança leais ao regime autoritário da família al-Assad (que fugiu para a Rússia) e as atuais, que emanaram do golpe de uma coligação de rebeldes de inspiração jihadista há cerca de um ano.

As forças rebeldes eram lideradas pela Organização para a Libertação de Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS) e comandadas por Ahmad al-Sharaa, atual Presidente de transição, que, apesar das suas antigas ligações aos grupos terroristas Al-Qaida e Estado Islâmico, tem usado um discurso conciliatório em relação às minorias religiosas.

Em março, os massacres na região costeira da Síria, onde reside grande parte da comunidade alauita, fizeram mais de 1.700 mortos, após confrontos entre as forças de segurança e apoiantes de Bashar al-Assad, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido e que conta com uma vasta rede de fontes no país.

Uma comissão nacional de inquérito documentou pelo menos 1.426 mortes, na maioria civis, e reconheceu a ocorrência de execuções sumárias cometidas por efetivos das novas forças de segurança, embora tenha afastado a existência de ordens superiores nesse sentido.

Uma comissão de inquérito da ONU concluiu em agosto que a violência era "generalizada e sistemática" e podia, em alguns casos, constituir "crimes de guerra".

Quatro meses mais tarde, a província de Sweida, no sul do país, de maioria drusa, foi palco de violência entre esta comunidade e populações beduínas, na qual se envolverem também as forças de segurança, provocando mais de 2.000 mortos, segundo números do Observatório Sírio para os Direitos Humanos.

Num discurso proferido no primeiro aniversário da queda de Bashar al-Assad, deposto em 08 de dezembro de 2024, o presidente de transição reafirmou a importância de "unificar os esforços de todos os cidadãos para construir uma Síria forte" e "um futuro digno dos sacrifícios do seu povo".

O atual governo procura também tranquilizar os países ocidentais e da região do Golfo para atrair os investimentos de reconstrução de um país devastado por quase 14 anos de guerra civil.

 

FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2911728/forcas-sirias-detem-21-pessoas-ligadas-a-al-assad-em-nova-crise#utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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