Ferido em Sydney sobreviveu a 7 de Outubro. Há três vítimas identificadas
- 14/12/2025
No meio das centenas de pessoas que foram apanhadas pelo ataque terrorista na praia de Bondi, em Sydney, na Austrália, estava Arsen Ostrovsky. Era um entre muitos, mas, para ele, foi o reviver do maior atentado contra judeus dos últimos anos: o 7 de Outubro.
Ostrovsky "sobreviveu ao 7 de Outubro" - o massacre que deu início ao mais recente conflito bélico entre o Hamas e Israel, e já matou milhares de pessoas, na sua maioria palestinianas - e, agora, sobreviveu também ao ataque em Sydney.
De cabeça enfaixada e cara quase completamente coberta de sangue, Ostrovsky contou à Sky News Australia que tinha chegado ao país há apenas duas semanas com o objetivo de "lutar contra o antissemitismo".
"Eu vivi em Israel nos últimos 13 anos. Viemos para aqui há apenas duas semanas para trabalhar com a comunidade judaica, para combater o antissemitismo, para lutar contra este ódio sedento de sangue e devastador. É por isso que eu estou aqui", revelou o advogado de direitos humanos.
"Sabem, nós já passámos por pior. Vamos ultrapassar isto", acrescentou taxativo.
Ostrovsky falava ainda na praia onde tudo aconteceu. "Eu vi pelo menos um atirador a disparar. Parecia uma espingarda a disparar aleatoriamente em todas as direções. Vi crianças a cair ao chão, idosos, inválidos… Foi um banho de sangue", recordou.
Abaixo está a entrevista completa a Ostrovsky:
Doze pessoas morreram no ataque e 29 ficaram feridas. Entre os que sobreviveram já foi confirmado pelas autoridades que uma criança ficou ferida no braço, uma mulher de 62 anos foi baleada na perna, e o "herói" que desarmou um dos atiradores foi também atingido por duas balas.
As vítimas conhecidas até agora: rabino, sobrevivente do Holocausto e um francês
Quanto aos mortos (para além de um atirador) foi confirmado o falecimento do rabino Eli Schlanger, de 41 anos. O homem, nascido em Londres, no Reino Unido, deixa para trás a mulher e os cinco filhos menores. O seu filho mais novo tem apenas dois meses.
Ao Jewish News, o primo de Schangler, o também rabino Zalman Lewis, contou que soube da morte do familiar através do grupo de WhatsApp que tem com a sua família, onde a sua mulher e a sua irmã estavam a dizer que reconheciam um dos nomes na lista de mortos.
"Ainda estamos a começar a processar isto. Não faz qualquer sentido. Como é que um rabino alegre que foi a uma praia para espalhar felicidade e luz, para tornar o mundo um lugar melhor, pode ter a vida terminada desta forma", questionou o primo. "Só podemos fazer aquilo que o Eli teria querido, aquilo a que ele dedicou a vida: fazer mais mitzvot (boas ações) e continuar a espalhar energia positiva."
Lewis descreveu o primo como uma pessoa "cheia de vida e energia e otimista".
A Federação Sionista da Austrália também já reagiu à morte do rabino, escrevendo no Facebook que tem tido "dificuldade em pôr em palavras" como se sente em relação ao ataque na praia de Bondi.
"Depois deparámo-nos com este vídeo do rabino Eli Schangler, uma das 12 pessoas assassinadas, e [ele] disse as coisas melhor do que nós alguma vez conseguiríamos. Ele fez este vídeo no Hanukkah passado e na descrição escreveu: 'A melhor resposta ao antisemitismo. Feliz Chanukah!'", disse a federação. "E ali estava ele, a espalhar luz. A dançar. Alegre. Judeu e orgulhoso. Esta tem de ser a nossa resposta ao ódio, sempre", acrescentou.

© Eli Schangler/Instagram
Para além de Schangler, conhece-se também a identidade de Alex Kleytman, um homem ucraniano que sobreviveu ao Holocausto e a uma passagem pela Sibéria, e que estava na Austrália também para as celebrações do Hanukkah.
Em declarações ao Daily Mail, a sua esposa, Larisa Kleytman, com quem teve dois filhos, contou que o marido morreu a protegê-la. "Eu acho que ele foi atingido na parte de trás da cabeça porque se levantou para me proteger", confessou a agora viúva e avó de 11.
BREAKING: Another victim of the Sydney Chanukah party attack has been identified as Holocaust survivor Alex Kleytman.
— Hen Mazzig (@HenMazzig) December 14, 2025
Alex died saving his wife of five decades, Larissa. The elderly couple was celebrating with friends and family when the massacre began.
That is who the… pic.twitter.com/DRm0TyImoB
É conhecida ainda a identidade de uma terceira vítima mortal: Dan Elkayam, de 27 anos e de nacionalidade francesa. A informação foi avançada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros Francês, Jean-Noël Barrot na rede social X.
"É com imensa tristeza que soubemos que o nosso compatriota Dan Elkayam estava entre as vítimas deste desprezível ataque terrorista que atingiu famílias judaicas reunidas na praia de Bondi, em Sydney, no primeiro dia de Hanukkah", começou por dizer o governante.
"Este ato desprezível é mais uma manifestação trágica de uma onda revoltante de ódio antissemita que devemos combater. A França não poupará esforços para erradicar o antissemitismo onde quer que ele surja e para combater o terrorismo em todas as suas formas. As luzes de Hanukkah não devem e não irão se apagar", terminou.
Dan Elkayam © @HenMazzig/X
O tiroteio na praia de Bondi é considerado um ataque terrorista contra judeus pelas autoridades, tendo acontecido durante um evento para celebrar a primeira noite da celebração judaica Hanukkah.
Um dos suspeitos do ataque já foi identificado. Trata-se de Naveed Akram, de 24 anos, residente no sudoeste da capital australiana, no bairro de Bonnyrigg.















