Famílias dos EUA em pânico com aumento nos planos de saúde: "É de doidos"
- 01/11/2025
Rachel Mosley, professora na Florida, acabou de descobrir que os custos do plano de saúde da sua família vão saltar de 1.400 dólares (1.200 euros, na taxa de câmbio atual) para quase 4.000 dólares (3.400 euros) por mês em 2026.
"Isto representa um terço do nosso rendimento. Não sei como vamos conseguir pagar isto", realçou a mãe de cinco filhos à agência France-Presse (AFP).
Tal como mais de 20 milhões de norte-americanos da classe média, Rachel e o marido beneficiaram até agora da assistência relacionada com o programa público de saúde Obamacare.
Mas estes programas deverão expirar no final do ano, uma vez que o Partido Republicano de Donald Trump se recusa a negociar a sua prorrogação.
Esta questão está no cerne do impasse orçamental entre republicanos e democratas, que paralisou o governo federal norte-americano no último mês.
Com o aproximar do dia 01 de novembro, data em que se abrem as renovações e inscrições de seguros, as famílias afetadas depararam-se com as novas taxas com consternação.
"É de doidos", sublinhou Audrey Horn, uma recém-reformada do Nebraska, em pânico com a possibilidade de o seu orçamento 'explodir'.
Atualmente totalmente coberta pelo governo federal, o seu prémio, que ascende a mais de 1.740 dólares (1.500 euros) por mês, ultrapassará os 2.430 dólares (2.100 euros) em 2026.
"Estou a controlar as nossas contas até ao último cêntimo", contou, explicando que ela e o marido - que trabalha para uma pequena empresa de construção onde recebe à hora - não têm condições financeiras para absorver um aumento tão grande.
Nos Estados Unidos, apenas metade dos trabalhadores tem um plano de saúde oferecido pelo empregador. Os restantes - empregados de pequenas empresas, trabalhadores independentes ou trabalhadores a tempo parcial - estão em grande parte abrangidos pelo Obamacare.
O programa, através de subsídios, ajuda a "preencher a lacuna" entre os custos exorbitantes dos planos de saúde no país "e o que as pessoas podem realmente pagar", explicou Mark Shepard, economista da saúde da Universidade de Harvard.
No entanto, são precisamente estes subsídios, que foram aumentados durante a pandemia de covid-19, que se prevê que diminuam ou mesmo desapareçam, mesmo com o custo de vida a continuar a subir.
De acordo com o 'think tank' KFF, especializado em questões de saúde, uma pessoa que pague o custo médio de 888 dólares (770 euros) em 2025 terá de pagar 1.906 dólares (1.600 euros) em 2026.
Espera-se que este aumento drástico leve quatro milhões de americanos a abdicar dos seus planos de saúde, segundo uma estimativa do Congressional Budget Office (CBO).
Esta situação corre o risco de aumentar a mortalidade e criar um "fardo para a sociedade como um todo", alertou o economista Mark Shepard.
"Quando as pessoas não têm seguro de saúde, adoecem e tendem a acabar nas urgências", onde acumulam dívidas que podem facilmente atingir dezenas de milhares de dólares, explicou.
E são os hospitais e os governos locais "que, em última análise, suportam o custo destes cuidados".
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