Exército israelita exibe túnel do Hamas em cidade arrasada de Rafah

  • 09/12/2025

A agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP) relata hoje que os soldados escoltaram na segunda-feira os jornalistas internacionais para o interior de um túnel, que apresentaram como uma das rotas subterrâneas mais importantes e complexas do Hamas, e usado pelos principais comandantes do grupo radical palestiniano.

 

Os militares israelitas apontaram também que este era o local onde o Hamas mantinha o corpo de um refém: Hadar Goldin, um soldado de 23 anos morto na Faixa de Gaza há mais de uma década, cujos restos mortais estavam ali escondidos até serem devolvidos no mês passado, no âmbito do cessar-fogo em vigor desde 10 de outubro.

Israel proibiu a entrada de jornalistas internacionais na Faixa de Gaza desde o início da guerra, há mais de dois anos, exceto visitas raras e breves supervisionadas pelos militares, como foi o caso desta.

A AP adicionou que o conteúdo da sua reportagem teve de ser sujeito a censura prévia dos militares israelitas, que, no entanto, não introduziram alterações.

A visita ao ponto mais a sul da Faixa de Gaza ocorreu numa fase que o cessar-fogo entre as partes sobreviveu mais de dois meses a acusações mútuas de violações sucessivas, e atinge um ponto crítico em relação às próximas etapas.

"Um a um, os soldados foram-se apertando por uma entrada estreita de um túnel no sul de Gaza. Dentro de um corredor escuro, alguns baixaram a cabeça para evitar bater no teto baixo, enquanto prestavam atenção ao local onde pisavam ao caminhar sobre ou à volta de betão irregular, garrafas de plástico amassadas e colchões rasgados", descreve a AP.

No ano passado, Israel lançou uma grande operação em Rafah. Os intensos combates deixaram grande parte da cidade em ruínas e deslocaram quase um milhão de palestinianos.

Já neste ano, quando os militares controlavam grande parte da cidade, demoliram sistematicamente a maioria dos edifícios que ainda estavam de pé, de acordo com fotos de satélite.

As tropas israelitas assumiram ainda o controlo e fecharam a vital passagem de Rafah com o Egito, a única ligação da Faixa de Gaza ao exterior.

Durante um percurso de carro na segunda-feira por uma "cidade fantasma", eram visíveis torres de betão retorcido, fios e metal deformado a ladear as estradas, com poucos edifícios ainda de pé e nenhum ileso, relata a AP, referindo também que "vestígios da vida das pessoas estavam espalhados pelo chão: um colchão de espuma, toalhas e um livro que explicava o Corão".

O túnel através do qual os jornalistas foram escoltados passa por baixo do que foi outrora um bairro residencial densamente povoado, sob um complexo das Nações Unidas e mesquitas.

Os jornalistas caminharam cuidadosamente entre cabos pendurados e lajes de betão irregulares cobertas de areia, ao longo do túnel que os militares israelitas dizem ter mais de sete quilómetros de comprimento e até 25 metros de profundidade.

A estrutura do subsolo era utilizada para armazenar armas e para presenças prolongadas dos militantes palestinianos, segundo o exército, assinalando a que altos comandantes do Hamas estiveram neste local durante a guerra.

Os israelitas referem que um deles era Mohammed Sinwar, que se acredita ter liderado o braço armado do Hamas e era o irmão mais novo de Yahya Sinwar, o líder do grupo palestiniano que ajudou a planear o ataque de 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que desencadeou o conflito na Faixa de Gaza.

Israel afirmou ter morto ambos.

"O que vemos aqui é um exemplo perfeito do que o Hamas fez com todo o dinheiro e equipamento que foi trazido para Gaza ao longo dos anos", observa o tenente-coronel Nadav Shoshani, citado pela AP, adicionando que o grupo palestiniano "construiu uma cidade subterrânea incrível com o propósito de aterrorizar e manter corpos de reféns".

O exército ainda não decidiu o que fazer com o túnel. Poderá selá-lo com betão, explodi-lo ou mantê-lo para fins de informações, entre outras opções.

Desde o início do cessar-fogo, três soldados israelitas foram mortos em confrontos com cerca de 200 militantes do Hamas que, segundo as autoridades israelitas e egípcias, permanecem encurralados no subsolo em território controlado por Israel.

O Hamas afirmou que a comunicação com as suas restantes unidades em Rafah está cortada há meses e que não é responsável por quaisquer incidentes ocorridos nestas áreas.

Desde o início do cessar-fogo, Israel acusou o Hamas de prolongar a libertação dos reféns que mantinha na sua posse, enquanto as autoridades de saúde locais, controladas pelo grupo palestiniano, afirmam que mais de 370 habitantes foram mortos em ataques israelitas.

Na semana passada, Israel disse estar pronto para reabrir a passagem de Rafah, mas apenas para que os habitantes abandonassem a Faixa de Gaza.

O Egito e muitos palestinianos temem no entanto que, uma vez que as pessoas se vão embora, não lhes seja permitido regressar e exigem que Israel abra a passagem em ambos os sentidos.

Israel afirmou que a entrada na Faixa de Gaza não será permitida até que Telavive receba todos os reféns que restam no enclave palestiniano, quando falta apenas recuperar um corpo ao abrigo da trégua.

A primeira fase do acordo prevê a retirada parcial de Israel da Faixa de Gaza, a troca de 20 reféns vivos e 28 mortos por centenas de prisioneiros palestinianos e o acesso de ajuda humanitária ao território.

Os mediadores internacionais alertam porém que a segunda fase será muito mais desafiante, uma vez que inclui questões sensíveis como o desarmamento do Hamas e a continuação da retirada de Israel, a par da criação de uma administração civil e o destacamento de uma força de paz para o enclave.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, deverá viajar para Washington no fim do mês para discutir os próximos passos com o Presidente norte-americano, Donald Trump.

A guerra foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 70 mil mortos, na maioria civis, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território, um desastre humanitário e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

Leia Também: Israel retoma entrada de ajuda a Gaza através da ponte Allenby

FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2901770/exercito-israelita-exibe-tunel-do-hamas-em-cidade-arrasada-de-rafah#utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Peça Sua Música

No momento todos os nossos apresentadores estão offline, tente novamente mais tarde, obrigado!

Anunciantes