EUA classificam outro cartel como grupo terrorista invocando guerra às drogas
- 17/12/2025
O Departamento de Estado dos EUA afirmou que o Clan del Golfo, sediado na Colômbia, está listado tanto como grupo terrorista estrangeiro como global, classificando-o como uma "organização criminosa violenta e poderosa" que utiliza o tráfico de cocaína para financiar atividades violentas.
"O Clã del Golfo é responsável por ataques terroristas contra responsáveis públicos, forças de segurança e militares, bem como civis na Colômbia", afirmou em comunicado.
A designação surge depois de a administração Trump, em setembro, ter adicionado a Colômbia a uma lista de nações que falharam em cooperar na guerra contra as drogas pela primeira vez em quase 30 anos.
Esta foi uma dura repreensão a um aliado tradicional dos EUA, que reflete um recente aumento na produção de cocaína e os laços desgastados entre a Casa Branca e o presidente de esquerda do país, Gustavo Petro.
Os Estados Unidos também sancionaram Petro em outubro devido a acusações de que ele teria permitido que os cartéis de droga na nação sul-americana "prosperassem" e exportassem cocaína para os EUA --- acusações que ele negou veementemente, argumentando que a Colômbia está a intercetar níveis recorde de remessas de cocaína, sem matar suspeitos de tráfico.
Com cerca de 9.000 combatentes, o Clan del Golfo é um dos grupos armados mais poderosos da Colômbia. Também conhecido pela sua sigla em espanhol AGC, o grupo evoluiu dos esquadrões paramilitares de direita que combateram guerrilheiros marxistas na Colômbia nos anos 1990 e 2000.
Um relatório publicado no ano passado pelo Gabinete do Defensor dos Direitos Humanos, uma agência pública, afirmou que o AGC está presente em cerca de um terço dos 1.103 municípios da Colômbia, onde continua a extorquir negócios locais e também tem sido acusado de recrutar crianças.
O Clan del Golfo está envolvido em negociações de paz com o governo da Colômbia desde setembro, o que poderá levar ao desarmamento dos seus combatentes em troca de penas reduzidas para a sua liderança.
No início deste mês, o governo colombiano e o AGC assinaram um acordo no Qatar, segundo o qual os combatentes do grupo, a partir de março próximo, poderão reunir-se em zonas especialmente designadas no norte e oeste da Colômbia, onde estarão livres de processos, enquanto continuam os diálogos de paz. ´
O acordo também estabelece que o governo colombiano suspenderá qualquer extradição de líderes do AGC para os EUA durante as negociações.
Elizabeth Dickinson, analista da Colômbia no International Crisis Group, afirmou que a decisão dos EUA de hoje poderá ser uma mensagem ao governo colombiano para adotar uma postura mais dura contra o grupo.
"As tensões entre a Colômbia e Washington estão em níveis históricos", afirmou Dickinson, acrescentando que, embora as designações de terrorismo geralmente visem impedir terceiros de fazer negócios com grupos visados, a designação contra o AGC poderá ser mais "simbólica" e dará "uma pausa" às autoridades colombianas, avançando."
A Colômbia também realizou recentemente conversações de paz com o Exército de Libertação Nacional, também uma organização designada como grupo terrorista pelos EUA, e no passado concluiu um acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, ou FARC, enquanto ainda estavam designadas como grupo terrorista.
A designação não confere ao governo dos EUA autoridade imediata para realizar ataques militares, embora fortaleça o enquadramento legal para que ataques contra grupos-alvo possam ser realizados.
No início deste ano, a administração Trump designou os gangues venezuelanas Tren de Aragua e o Cartel de los Soles como organizações terroristas estrangeiras, antes de lançar ataques contra supostos barcos de tráfico de drogas na costa da Venezuela, cuja legalidade foi questionada por legisladores dos EUA.
A administração Trump também acusou o presidente venezuelano Nicolas Maduro de enviar remessas de drogas para os EUA. E na semana passada, Trump disse que Petro tem sido "relativamente hostil" aos EUA.
Leia Também: Venezuela rejeita acusações dos EUA e garante combater narcotráfico
