Equipa enviada para procurar corpos em Gaza sem autorização de entrada
- 30/10/2025
A equipa de resgate turca enviada por Ancara para Gaza para participar nas buscas de corpos, incluindo de israelitas, ainda está a aguardar autorização israelita em Rafah, disse hoje fonte do Ministério da Defesa turco.
"A missão da AFAD (Autoridade Turca para a Gestão de Desastres e Emergências) ainda está à espera na fronteira. Israel ainda não emitiu a autorização", indicou a mesma fonte, citada pela agência de notícias France-Presse.
A fonte do ministério turco adiantou ainda que "Israel não está a respeitar todas as condições do cessar-fogo" já que "está a permitir [a entrada de] ajuda humanitária apenas parcialmente".
O Ministério da Defesa turco garantiu que as Forças Armadas "estão prontas para participar na força internacional em Gaza, ainda a aguardar aprovação do Governo israelita, indicando estar em contacto com os responsáveis de Israel.
"A Turquia é uma das arquitetas do cessar-fogo e assinou o acordo. Concluímos todos os preparativos necessários e estamos à espera", avançou a fonte.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, defendeu o direito de vetar os membros da força internacional destinada a garantir a segurança do território palestiniano do pós-guerra, que o aliado norte-americano está a tentar estabelecer.
"Deixámos claro, em relação às forças internacionais, que Israel decidirá quais as forças que são inaceitáveis para nós", disse Netanyahu, que se opõe particularmente ao envio de forças turcas, dadas as estreitas relações da Turquia com o movimento islamita palestiniano Hamas.
Apesar do cessar-fogo em Gaza, em vigor desde 10 de outubro mas já violado várias vezes, o exército israelita atacou "dezenas de alvos" do Hamas e da Jihad Islâmica na Faixa de Gaza nos últimos dias, assegurando ter atingido vários "terroristas importantes, incluindo três comandantes de batalhão e dois vice-comandantes de batalhão".
Israel tinha acusado o Hamas de violar o cessar-fogo ao abater um soldado israelita na terça-feira em Rafah, no sul do enclave palestiniano, uma alegação rejeitada pelo movimento.
Além disso, a decisão de atacar a Faixa de Gaza foi tomada no seguimento de um incidente relacionado com a entrega de um corpo de um refém mantido na Faixa de Gaza, ocorrida na segunda-feira à noite, ao abrigo do acordo de cessar-fogo.
Análises forenses mostraram que os restos mortais devolvidos pelo Hamas pertenciam a um antigo refém já recuperado e sepultado há quase dois anos e não a um dos 13 corpos ainda por entregar.
Já depois de ter anunciado que regressava ao cessar-fogo, Israel voltou a bombardear, na quarta-feira, um alegado depósito de armas no norte da Faixa de Gaza, para "eliminar uma ameaça de ataque terrorista".
Nos primeiros dias do cessar-fogo, o Hamas entregou os últimos 20 reféns vivos que mantinha no enclave palestiniano, mas desde então apenas 15 dos 28 que estavam mortos, alegando dificuldades em encontrar os corpos entre os escombros do território devastado por mais de dois anos de conflito.
Em troca dos reféns, Israel libertou quase dois mil presos palestinianos e entregou 195 corpos.
A primeira fase do acordo, impulsionado pelos Estados Unidos e negociado ao longo de vários dias com a mediação de outros países (Egito, Qatar e Turquia), prevê a retirada parcial das forças israelitas do enclave e o acesso de ajuda humanitária ao território.
Leia Também: Israel. Netanyahu reuniu-se com "altos funcionários" dos EUA














