Diretor da AIEA enaltece experiência como mediador para suceder a Guterres
- 30/10/2025
Numa conferência de imprensa em Nova Iorque, o diplomata argentino foi questionado sobre a sua candidatura à sucessão de António Guterres como líder das Nações Unidas, tendo admitido que "há muitas coisas que precisam de mudar, evoluir e ajustar-se" dentro do universo da organização e que acredita poder contribuir para esse fim.
"Penso que todos concordamos que as Nações Unidas precisam de mudanças. Todos concordamos que a ONU não está num bom momento nesta conjuntura específica. (...) O que estou a fazer na AIEA é o que me fez pensar que poderia contribuir, que é alcançar resultados num momento muito difícil e lidar com questões muito, muito difíceis", defendeu.
O segundo mandato de António Guterres à frente das Nações Unidas termina a 31 de dezembro de 2026. Ainda não há uma lista oficial de candidatos para lhe suceder, mas Rafael Grossi já assumiu que é candidato.
"O que eu faço, o que faço à frente da AIEA, fala mais alto do que palavras, visões, promessas e ideias que eu possa ter sobre o quão bom um secretário-geral poderia ser. Basta olhar para o que estou a fazer", afirmou Grossi.
Como exemplo do seu trabalho, o líder da agência de vigilância nuclear das Nações Unidas destacou a sua capacidade de diálogo entre a Rússia e a Ucrânia, que permitiu recentemente uma trégua para reparação de linhas de energia fundamentais para a segurança da central nuclear ucraniana em Zaporijia.
Enalteceu igualmente o acordo alcançado entre a China e o Japão sobre a água que estava a ser descartada da central nuclear de Fukushima e o seu trabalho de monitorização e diálogo com o Irão face à questão nuclear e de enriquecimento de Urânio.
"Penso que em toda esta crise internacional, a AIEA teve um papel muito importante. E acho que conseguimos ter impacto. O quão bem-sucedidos fomos, cabe-vos a vós e aos países julgar. Mas não estamos a dar-nos nada mal, acredito. É por isso que acredito que posso dar um contributo", afirmou o diplomata.
"Acho que é necessária uma liderança clara neste momento. A paz e a segurança estão no centro de tudo o que fazemos e devem estar", sublinhou.
O secretário-geral da ONU é nomeado pela Assembleia-Geral, mas por recomendação do Conselho de Segurança, o que significa que os cinco membros permanentes (Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido) podem bloquear um candidato.
As declarações de Grossi ocorrem num momento de intenso debate sobre a necessidade de uma mulher assumir pela primeira vez o cargo de secretária-geral da ONU.
No entanto, nenhum nome obteve ainda o consenso necessário entre os países.
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