Departamento de Justiça puniu procuradores por referência a ataque ao Capitólio
- 31/10/2025
Segundo a AP, que cita uma fonte sob anonimato, os procuradores do gabinete da procuradoria no Distrito de Columbia foram impedidos de aceder aos seus dispositivos oficiais e informados de que seriam afastados de funções na manhã de quarta-feira, pouco depois de terem apresentado um memorando de sentença descrevendo a multidão de apoiantes do Presidente Donald Trump que atacou o Capitólio como uma "turba de arruaceiros".
Uma versão atualizada do documento, que pedia uma pena de prisão para um homem detido com armas e munições perto da casa do ex-presidente Barack Obama, foi mais tarde circulada pelo Departamento de Justiça, sem as referências ao tumulto de 06 de janeiro.
O novo documento deixou também de incluir a referência ao facto de Trump ter feito publicações nas redes sociais sobre o discurso de Obama no dia em que o arguido, Taylor Taranto, foi detido no bairro do ex-presidente.
A notícia foi avançada também pela ABC News, entre outros meios.
A história do tumulto, que deixou mais de 100 polícias feridos, foi minimizada nos últimos anos pelo próprio Trump, que chegou a retratar como vítimas os manifestantes que invadiram o Capitólio e obrigaram os parlamentares a esconderem-se enquanto se reuniam para certificar a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020.
Desde os amplos indultos concedidos por Trump a condenados pelo assalto de 06 de janeiro, a sua administração demitiu ou despromoveu vários advogados envolvidos na maior investigação da história do Departamento de Justiça.
O Departamento recusou comentar o assunto, e Jeanine Pirro, procuradora federal do Distrito de Columbia nomeada por Trump, rejeitou entrar em detalhes sobre decisões relativas a funcionários.
Nem o juiz distrital Carl Nichols, nomeado por Trump, nem os procuradores, Samuel White e Carlos Valdivia, explicaram o motivo do afastamento.
Taranto cumpriu mais de 22 meses de prisão preventiva e, após o julgamento, o juiz Nichols condenou-o a 21 meses de prisão e três anos de liberdade condicional supervisionada, por posse ilegal de duas armas e aproximadamente 500 cartuchos de munições no bairro de Obama, em junho de 2023.
Os procuradores tinham recomendado uma pena de prisão de dois anos e três meses.
Taranto, um veterano da Marinha, foi acusado separadamente de quatro delitos relacionados com o ataque ao Capitólio, mas foi um dos beneficiados da abrangente ordem de clemência de Trump.
Foi filmado dentro do Capitólio por volta da hora em que uma manifestante, Ashli Babbitt, foi morta a tiro por um polícia enquanto tentava escalar a janela partida de uma porta barricada.
Entre os perdoados por Trump estão mais de 250 condenados por agressão, alguns por terem atacado polícias com armas improvisadas, como mastros de bandeira, um taco de hóquei e uma muleta.
Em janeiro, o então procurador-geral adjunto interino, Emil Bove, ordenou a demissão de cerca de duas dezenas de procuradores que tinham sido contratados temporariamente para apoiar os casos sobre 06 de janeiro.
Em junho, o departamento despediu dois procuradores que atuavam como supervisores nos processos de 06 de janeiro no gabinete do procurador no Distrito de Columbia, bem como um procurador que atuava em casos decorrentes do ataque ao Capitólio.
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