Departamento de Justiça investiga alegada fraude no movimento Black Lives Matter
- 31/10/2025
Nas últimas semanas, as autoridades federais emitiram intimações e pelo menos um mandado de busca e apreensão no âmbito de uma investigação à Black Lives Matter Global Network Foundation, Inc. e a outras organizações lideradas por afroamericanos que ajudaram a desencadear um debate no país sobre o racismo nas instituições, segundo fontes que falaram sob anonimato à Associated Press.
A notícia foi também avançada pela cadeia de televisão Fox News, entre outros meios, mas o Departamento de Justiça recusou comentar.
A investigação está a ser conduzida pelo Gabinete do Procurador dos Estados Unidos para o Distrito Central da Califórnia, em Los Angeles, adianta a AP.
Não é certo se a investigação resultará em acusações criminais, mas reflete um maior escrutínio do movimento, que nos últimos anos tem enfrentado críticas sobre a prestação de contas das doações recebidas.
A recente onda de investigações ocorre também numa altura em que grupos de defesa dos direitos civis manifestaram preocupação com a possibilidade de o governo de Donald Trump visar diversos grupos progressistas e de esquerda que o criticam, incluindo os afiliados no BLM, o movimento pelos direitos transgénero e os manifestantes contra a política de imigração.
As fontes citadas pela AP referiram que a investigação foi iniciada pelo anterior governo, de Joe Biden, e que com Donald Trump ganhou maior relevo.
A fundação afirmou ter recebido mais de 90 milhões de dólares em donativos após o assassínio, em 2020, de George Floyd, o afroamericano cuja morte às mãos dos polícias de Minneapolis desencadeou protestos no país e em todo o mundo.
As críticas à fundação investigada intensificaram-se depois de os seus dirigentes terem confirmado, em 2022, que usaram donativos para comprar uma propriedade de 6 milhões de dólares na região de Los Angeles.
Os dirigentes já negaram qualquer irregularidade e divulgaram publicamente documentos fiscais.
Nenhuma investigação anterior sobre as finanças da organização sem fins lucrativos encontrou provas de irregularidades.
Num comunicado enviado por e-mail à AP, a fundação afirmou que "não é alvo de qualquer investigação criminal federal".
"Continuamos empenhados em total transparência, responsabilidade e gestão cuidadosa dos recursos dedicados à construção de um futuro melhor para as comunidades negras", afirmou a fundação.
O movimento surgiu em 2013, após a absolvição de George Zimmerman, o vigilante comunitário que matou o adolescente Trayvon Martin na Florida, mas foi a morte de Michael Brown em 2014 no Missouri que transformou o slogan "Black Lives Matter" ("As Vidas Negras Importam") numa causa da esquerda norte-americana.
Em 2020, uma onda de contribuições públicas após os protestos pelo assassinato de Floyd foi atribuída principalmente à fundação BLM, embora outras organizações também tenham recebido fundos.
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