Colômbia alerta para contradição entre projeto democrático e mundo atual
- 09/11/2025
"Há uma contradição política entre o projeto democrático que surgiu na Europa, que surgiu na América do Norte, que surgiu na América Latina" e o contexto atual, afirmou no seu discurso de abertura do IV Cimeira CELAC-UE, que está a decorrer na cidade colombiana de Santa Marta.
De acordo com a agência espanhola EFE, Gustavo Petro alertou para a necessidade de "fazer análises concretas à situação em que nos encontramos", sugerindo que o mundo passa por um "contexto difícil" em que "a maioria dos governos toma decisões para tentar reduzir a barbárie que quer inundar o mundo".
O presidente da Colômbia referia-se às operações dos Estados Unidos nas Caraíbas e no Pacífico contra lanchas que alegadamente transportavam drogas, que causaram pelo menos 70 mortes, e das quais tem sido crítico.
Petro recordou um dos mortos num dos ataques norte-americanos, Alejandro Carranza, que, contra as alegações americanas de se tratar de um "terrorista", o colombiano descreveu como um "pescador", contratado pelo narcotraficante que, à procura de dinheiro para a sua família, "talvez tenha feito algo que não devia".
"Talvez o pai, desesperado por dar uma universidade à sua filha, tenha feito algo que não devia ter feito, mas nunca essa família, nem o seu pai, os seus filhos poderiam ser qualificados como narcoterroristas", lamentou, denunciando a sua morte como um "assassinato extrajudicial".
Já à sua chegada à cimeira, Gustavo Petro apelou à união entre a Europa, a América Latina e as Caraíbas para enfrentar o "despotismo" e "autoritarismo".
Petro, recentemente sancionado pelos Estados Unidos por supostas ligações ao narcotráfico e as quais rejeitou categoricamente, pediu que a cimeira de hoje sirva para que "tanto a Europa, como a América Latina e as Caraíbas constituam uma espécie de farol democrático da humanidade, capaz de se unir contra qualquer barbárie", não apenas com palavras, "mas com ações", e "que seja capaz de resgatar o conceito de humanidade livre, o conceito de soberania".
A cimeira conta com a presença, entre outros líderes, do primeiro-ministro português, Luís Montenegro, e do presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez. Enquanto se aguarda para perceber se os negociadores da cimeira chegarão a um acordo sobre uma posição comum contra os ataques dos Estados Unidos, Petro defendeu "o conceito de multilateralismo ou democracia global (...) acima de qualquer tipo de autoritarismo, despotismo ou critério de império".
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