"Choque". Brasileira descobre que deu à luz 5 dias após o filho nascer
- 30/10/2025
Uma jovem de 21 anos brasileira descobriu que era mãe e tinha dado à luz cinco dias depois do nascimento do filho.
Annalice Nascimento de Melo, estudante universitária em Natal, um município de Rio Grande do Norte, no Brasil, não se apercebeu que estava grávida durante as 34 semanas de gestação do seu bebé. Teve aquilo a que se chama uma “gravidez silenciosa”, onde o seu corpo não lhe terá dado qualquer sinal de que tinha uma criança no ventre.
A estudante contou ao G1 que fazia a sua vida normal, entre estágio e aulas, continuando com sua alimentação normal e até práticas desportivas como sempre tinha feito (que incluíam, nomeadamente acrobacias).
"Trabalho com crianças pequenas, então me abaixava muito. Fui a festas, tomei energéticos durante toda a madrugada, comi sushi, tomava chá de camomila para dormir, tudo que uma grávida não pode fazer, eu fiz", contou.
A 16 de junho deste ano, tudo mudou. Annalice teve uma dor de cabeça tão forte que deixou de conseguir estar de pé e a obrigou a ser transportada para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do bairro Pajuçara, na Zona Norte de Natal, onde mora. Lá, foi-lhe dada medicação e, de seguida, alta médica, para que pudesse regressar a casa.
A jovem contou ao jornal que já desde o início do mês que tinha sentido algumas dores de cabeça, mas não lhes deu importância, considerando apenas que estava cansada da universidade.
Na madrugada seguinte, do dia 17, por volta das três da manhã, Annalice sofre uma convulsão e é levada de volta para a UPA, onde depressa a encaminham para o Hospital Santa Catarina, na mesma zona.
Após a primeira convulsão, a jovem confessou que só sabe o que aconteceu através do relato de terceiros - tem apenas alguns ‘flashes’ de memória dos acontecimentos desse dia.
"Eu abria os olhos, respondia algumas coisas, falava alguma coisa curta, como 'sim', 'não', mas nada além disso, não lembro de nada. Só lembro de ter deitado na cama dos meus pais [onde ocorreu a primeira convulsão]", recordou.
Annalice só acordou no dia 21 desse mesmo mês. Só nesse dia, após uma psicóloga e uma assistente social lhe terem relatado o que tinha acontecido, é que soube que tinha tido um filho.
"Elas começaram contando que eu tive eclâmpsia [complicação de hipertensão na gravidez que causa convulsões] e síndrome de Hellp [forma rara e severa de pré-eclâmpsia]”, começou por dizer. "Por estudar na área da saúde, eu sabia um pouco e pensei comigo que não poderia ter tido isso, porque são problemas de quem está grávida. Foi aí que elas me contaram que eu tinha tido um filho."
“Foi um choque. Acho que nem dormi naquela noite", admitiu a estudante.
Inicialmente, os médicos terão suspeitado que a jovem tivesse um tumor ou uma hemorragia no cérebro. Contudo, depois dos testes verificou-se que Annalice estava grávida. Mesmo assim, os profissionais ainda ponderaram a hipótese de a jovem ter um tumor raro no útero, que causa falsos positivos nos testes de gravidez.
Antes de entrar no bloco operatório, para o parto, Annalice teve outras duas convulsões. A operação teve de ser feita com a jovem vendada e amarrada à cama, para impedir que se movimentasse bruscamente durante o procedimento (no caso de outra convulsão) ou acordasse a meio, entrando em choque ao aperceber-se da situação.
O pequeno Levi Emanuel nasceu às 12h40 do dia 18, com 38 centímetros e apenas 1,2 quilos. A sua saúde, à semelhança da mãe, estava também bastante fragilizada.
A criança sofreu uma paragem cardíaca e precisou de ficar internada, usar uma sonda e ainda receber tratamento devido a infeções no estômago e urinárias e anemia.
Quanto a Annelice, os médicos tentaram retirar-lhe a intubação por volta das 18h00 do dia em que a criança nasceu, mas a jovem teve uma nova convulsão e entrou em falência renal (tendo de ser medicada).
Só cinco dias depois é que acordou, e só no dia 26 viria a conhecer o seu filho.
"O primeiro contato foi surpreendente. Era uma criança que eu não sabia que existia. Antes de vê-lo eu ficava ansiosa, esperando o momento. Não tinha concretizado na minha cabeça que era mãe. Acho que só me senti mãe em julho", contou.
Annalice e Levi ficaram no hospital até ao dia 1 de agosto, quando a criança teve, finalmente, alta.
Os médicos acreditam que o bebé possa ter crescido entre as costelas da jovem, dado que Annelice tem um corpo atlético e um útero ligeiramente elevado.
Annalice recordou ainda que teve várias hemorragias ao longo dos meses de gestação, inclusive poucos dias antes do nascimento de Levi, mas que os atribuiu à menstruação. Os profissionais de saúde consideram agora que esse pode ter sido um sinal de descolamento de placenta.
Mãe e filho encontram-se neste momento bem de saúde, sendo que Levi está a ser acompanhado de perto, devido a ter nascido prematuramente.
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