Caetano Veloso liderou protesto contra lei que reduz pena de Bolsonaro
- 15/12/2025
Grandes nomes da música brasileira como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque uniram-se num protesto contra o projeto de lei que abre caminho para a redução de pena de condenados pela tentativa de golpe no Brasil, incluindo o antigo presidente Jair Bolsonaro. A manifestação reuniu milhares de pessoas na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
O ato musical, convocado por Caetano Veloso, chamava a população às ruas contra a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do projeto de lei da dosimetria, que tem como objetivo reduzir a pena de condenados pela tentativa de golpe de estado.
De acordo com a imprensa brasileira, o protesto, que contou com discursos políticos e atuações musicais, reuniu mais de 18 mil participantes.
Vários vídeos partilhados nas redes sociais mostram o mar de gente em Copacabana.
Não é o Papa em Copacabana, como bolsonaristas vivem repetindo a mesma imagem. É manifestação contra anistia para golpistas e em apoio ao Lula. pic.twitter.com/Rkl4C83wne
— Pedro Ronchi (@PedroRonchi2) December 14, 2025
A manifestação - que também aconteceu noutras cidades, como São Paulo -, foi batizada no Rio de Janeiro como "Ato musical 2: o retorno", em referência à mobilização que já tinha acontecido em setembro contra a PEC da Blindagem e a tentativa de amnistia a condenados pela tentativa de golpe de Estado.
A ocasião acabou por ser marcante por ter reunido Caetano, Chico e Gil numa manifestação desta dimensão 57 anos depois de terem marchado ao lado de estudantes e intelectuais na Passeata dos Cem Mil, a maior mobilização de rua contra a ditadura militar brasileira, em junho de 1968.
Desta vez, Chico Buarque cantou a música "Vai Passar", de 1984, que foi símbolo da redemocratização do país após duas décadas de ditadura militar. A atriz Fernanda Torres, vencedora do Óscar com "Ainda Estou Aqui", esteve ao lado do artista em cima do camião de som.
"Ainda estamos aqui pelas florestas brasileiras, pelos direitos da mulher, pela democracia. Nós estamos aqui para acordar o Congresso. Eles não podem trabalhar para si mesmos. Ainda estamos aqui", discursou a atriz.
Já Caetano Veloso interpretou "Podres poderes", lançada nos anos 80, símbolo de crítica às elites políticas e que já se tornou num hino contra os retrocessos no congresso.
Fafá de Belém, Tony Bellotto, Fernanda Abreu, Lenine, Leila Pinheiro, Moreno Veloso e Xamã são alguns dos nomes que também passaram pelo palco.
Um dos momentos mais emocionantes ocorreu ao entardecer, durante a atuação de Gilberto Gil. Enquanto o artista cantava "Super-homem, a canção", a multidão acompanhou-o com as luzes dos telemóveis.
Na avenida Paulista, por seu lado, o protesto reuniu políticos e artistas como Erika Hilton, Ediane Maria, Chico César, Romero Ferro e Zélia Duncan.
Estas manifestações foram convocadas depois de a Câmara dos Deputados do Brasil ter aprovado, na passada quarta-feira, um projeto de lei que prevê a redução de penas aos condenados dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e que beneficia o ex-presidente Jair Bolsonaro.
O projeto foi aprovado por 241 votos a favor e 141 contra, numa sessão que começou durante a tarde de terça-feira com momentos de tensão, empurrões entre deputados e membros do corpo de segurança legislativa, encerramento da transmissão televisiva e até expulsão de jornalistas.
O projeto, votado cerca de duas semanas depois de Bolsonaro ter começado a cumprir a pena de prisão, segue agora para o Senado, cujo presidente, Davi Alcolumbre, já assumiu que será votado até ao final do ano.
















