Ataques russos na Ucrânia deixam 4 mortos (e cortes de energia no país)
- 09/11/2025
Há várias semanas que a Rússia tem vindo a atacar centrais elétricas e instalações de gás ucranianas, provocando cortes regulares em todo o país às portas do inverno.
Durante a madrugada de sábado, a Rússia disparou um total de 458 drones e 45 mísseis contra a Ucrânia, de acordo com a Força Aérea ucraniana, que afirmou ter abatido 409 drones e nove mísseis, respetivamente.
"Os trabalhos de restauro continuam após o ataque noturno, foi um ataque massivo, com muitos mísseis balísticos", destacou o Presidente Volodymyr Zelensky no Telegram.
O Presidente ucraniano admitiu que a "pressão exercida sobre a Rússia [foi] insuficiente", lamentando as "respostas tímidas à ousadia" do Kremlin.
O chefe da diplomacia ucraniana relatou que os ataques "destruíram infraestruturas essenciais e danificaram as redes ferroviárias", privando "as pessoas de eletricidade, água e aquecimento".
Em Dnipro, grande cidade do centro-leste da Ucrânia, um edifício residencial foi atingido por um drone, matando três pessoas e ferindo várias outras, segundo o presidente da câmara, Boris Filatov.
Uma pessoa também foi morta em Kharkiv (nordeste), segundo Zelensky.
Várias regiões anunciaram cortes de energia elétrica de emergência e interrupções no abastecimento de água. Esses cortes também afetam Kyiv e sua região, informou a operadora privada DTEK.
A companhia de gás Naftogaz relatou danos nas instalações que fornecem aquecimento aos habitantes, "o nono ataque massivo desde o início de outubro" ao setor.
Há atrasos significativos nas redes ferroviárias, alertou, por outro lado, o vice-primeiro ministro, Oleksiï Kouleba, acusando a Rússia de ter intensificado os ataques contra os depósitos de locomotivas.
O Ministério da Defesa russo afirmou ter visado "empresas do complexo militar-industrial ucraniano e instalações de gás e energia que apoiam as suas operações."
O diretor do Centro Ucraniano de Investigação Energética, Oleksandre Khartchenko, alertou na quarta-feira que o país corria um "risco significativo" de cortes no aquecimento neste inverno.
De acordo com um relatório do final de outubro da Escola de Economia de Kyiv, "27% da procura de eletricidade não poderá ser satisfeita" neste inverno, devido aos danos causados às instalações energéticas.
A Ucrânia ataca quase todas as semanas depósitos e refinarias de petróleo na Rússia, com o objetivo de perturbar as exportações de petróleo e reduzir o financiamento do esforço de guerra da Rússia. Também já atacou centrais elétricas e oleodutos, incluindo os que abastecem a Europa.
Na noite de sexta-feira para sábado, Andreï Botcharov, governador da região russa de Volgogrado (sul), a várias centenas de quilómetros da frente de batalha, relatou no Telegram um ataque de drones ucranianos a infraestruturas energéticas, provocando também cortes de energia.
Enquanto os esforços diplomáticos do presidente norte-americano, Donald Trump, para pôr fim ao conflito mais sangrento na Europa desde a Segunda Guerra Mundial estão num impasse, a Rússia continua a avançar na frente.
A maior parte dos combates concentra-se na região de Donetsk (leste), onde se situa a cidade de Pokrovsk, um importante centro logístico para as forças ucranianas que poderá cair em breve.
Embora o estado-maior ucraniano tenha negado qualquer cerco às tropas no local, garantido que continuará a defesa, muitos meios de comunicação, soldados e voluntários relataram uma situação crítica para a guarnição local.
O exército russo controla total ou parcialmente cerca de 20% do território ucraniano, de acordo com a análise da AFP dos dados fornecidos pelo Instituto Americano para o Estudo da Guerra (ISW), que trabalha com o Critical Threats Project (CTP).
Cerca de 7% - a Crimeia e zonas do Donbass - já estavam sob controlo antes do início da invasão russa em fevereiro de 2022.
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