Apoio da ONU ao plano marroquino para o Saara Ocidental é "histórico"
- 01/11/2025
Aquela região tem sido palco durante décadas de um conflito entre Rabat e os independentistas saharauis da Frente Polisário, apoiados por Argel.
"Estamos a abrir um novo capítulo vitorioso no processo de consagração da marroquinidade do Saara, destinado a encerrar definitivamente este dossier", afirmou Mohammed VI num discurso, onde expressou o seu "imenso orgulho".
"Após 50 anos de sacrifícios, abrimos um novo e vitorioso capítulo no processo de consagração da identidade marroquina do Saara, com o objetivo de pôr fim definitivamente a este conflito artificial, através de uma solução consensual baseada na Iniciativa de Autonomia", disse o rei num discurso à nação.
O monarca, que assegurou que "é um verdadeiro orgulho que esta mudança histórica ocorra durante o período em que se comemora" o 50.º aniversário da Marcha Verde, celebrou o facto de o reconhecimento da soberania económica do reino sobre "as suas províncias do sul ter sido ampliado", após a decisão da União Europeia e de vários países, incluindo Espanha e Estados Unidos, de "promover o investimento" nelas.
"Estamos a viver um momento crucial e um ponto de viragem decisivo na história moderna de Marrocos: daqui em diante haverá um antes e um depois de 31 de outubro de 2025. Chegou o momento de um Marrocos unido que se estenda de Tânger até La Agüera (extremo setentrional do Sáhara Ocidental)", sublinhou.
Mohamed VI afirmou que Rabat está "a entrar numa fase decisiva", uma vez que a resolução da ONU "define os princípios e fundamentos que provavelmente conduzirão a uma solução política definitiva para este conflito".
De acordo com o documento, o rei prometeu "atualizar e aperfeiçoar" a sua proposta. "
Embora a questão da nossa integridade territorial tenha registado progressos positivos, Marrocos mantém o seu compromisso de alcançar uma solução que preserve a dignidade de todas as partes, sem vencedores nem vencidos. Marrocos não ostenta estas mudanças como um troféu e não deseja de forma alguma atiçar antagonismos nem exacerbar divisões", declarou.
Neste contexto, apelou às pessoas que se encontram nos campos de refugiados saharauis de Tinduf (Argélia) para que aproveitem "esta oportunidade histórica para se reunirem com as suas famílias e beneficiarem" do plano marroquino, "que lhes permite contribuir" para o «desenvolvimento da sua pátria e a construção do seu futuro num Marrocos unido".
"Na minha qualidade de rei, garante dos direitos e liberdades dos cidadãos, afirmo solenemente que todos os marroquinos são iguais e que não existe qualquer diferença entre aqueles que regressaram dos campos de Tinduf e os seus irmãos e irmãs que residem no resto do território nacional", assegurou.
De facto, convidou o presidente argelino, Abdelmayid Tebune, para "um diálogo sincero e fraterno entre Marrocos e Argélia para que, "superadas" as suas diferenças, possam "estabelecer as bases de novas relações baseadas na confiança, na fraternidade e na boa vizinhança".
Por último, aproveitou a ocasião para fazer "uma menção especial" aos Estados Unidos sob a liderança do seu "amigo" Donald Trump, "cujos esforços abriram caminho para uma solução definitiva para este conflito".
O monarca também dirigiu palavras de agradecimento para Espanha, Reino Unido e, especialmente, França, "cujos esforços contribuíram para o sucesso deste processo pacífico".
Por sua vez, estendeu o seu "sincero agradecimento" a todos os países árabes e africanos que expressaram "consistentemente o seu apoio incondicional à identidade marroquina do Saara, bem como aos diversos países do mundo que apoiam" a sua iniciativa.
O Saara Ocidental, antiga colónia espanhola, é considerado pela ONU como um "território não autónomo" na ausência de uma resolução definitiva. Trata-se do único território do continente africano cujo estatuto pós-colonial permanece em suspenso. Marrocos controla a maior parte deste território disputado e propõe uma autonomia sob a sua soberania, enquanto os independentistas da Frente Polisário, apoiados pela Argélia, reivindicam há anos um referendo de autodeterminação.
Por iniciativa dos Estados Unidos de Donald Trump, o Conselho de Segurança da ONU manifestou hoje o seu apoio ao plano de autonomia marroquino, considerando-o a solução "mais exequível".
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