Angariam 7 milhões de euros para o Hamas a partir de Itália. Há 9 detidos
- 28/12/2025
Nove pessoas foram detidas no sábado, 27 de dezembro, em Itália, por serem suspeitos de angariarem milhares de euros para financiar o grupo extremista palestiniano Hamas.
Segundo o jornal Corriere della Serra, em causa está um esquema complexo de angariação de fundos através de três associações humanitárias, que diziam estar a ajudar o povo palestiniano, com sede em Milão e Génova.
"Os suspeitos recolheram donativos destinados à população civil de Gaza, mas verificou-se que mais de 71% desses fundos foram desviados para os cofres do Hamas para financiar a sua ala militar e apoiar as famílias de bombistas suicidas ou de pessoas detidas por terrorismo", pode ler-se no comunicado da polícia italiana.
Ao todo, o esquema terá conseguido enviar cerca de sete milhões de euros ao Hamas ao longo dos últimos dois anos - desde que a ofensiva com Israel teve início, após o ataque de 7 de Outubro. Durante a operação policial, as autoridades dizem ter ainda apreendido bens no valor de oito milhões de euros.
Os suspeitos são "acusados de levar a cabo operações de financiamento que contribuíram para atividades terroristas".
Alegado líder do grupo em Itália e ex-ministro do Hamas envolvidos
Entre os detidos está Mohammad Hannoun, de 63 anos, administrador de duas das organizações humanitárias envolvidas no engodo (e suspeito administrador de facto da terceira). A investigação acredita que Hannoun pertence à ala estrangeira do Hamas e que seja, na realidade, o líder da sua célula em Itália.
Aliás, após as detenções, a esposa de um dos suspeitos confirmou a teoria da investigação, numa crítica ao próprio marido: "Uma coisa é ser como Hannoun, que é do Hamas, e trabalhar para eles, sendo reconhecido como tal. Tem um papel, o dinheiro e os riscos que assumiu. Outra coisa é fazer todo esse trabalho sem nem sequer fazer parte do Hamas ou da Irmandade Muçulmana."
No esquema, estará também envolvido Osama Alisawi, que serviu como ministro dos transportes no governo do Hamas no enclave entre 2008 e 2014. Hannoun descreve-o, segundo a investigação, como o seu "representante em Gaza".
O alegado líder da célula italiana do Hamas, já está sob o escrutínio das autoridades há vários anos, mas conseguiu sempre fugir à Justiça. Em 2024, inclusive, chegou a ser visado numa investigação dos Estados Unidos, que garantiu que uma das associações dirigidas por Hannoun tinha transferido quatro milhões de euros para o Hamas.
"Não quatro, dez", ouviu-se, mais tarde, numa conversa telefónica, a que as autoridades tiveram acesso através de escutas.
"Nós sacrificamo-nos com dinheiro e tempo, mas eles sacrificam-se com sangue", terá respondido o irmão de Hannoun do outro lado, que foi, aliás, já captado em filmagens nos túneis do Hamas em Gaza.
Mohammad Hannoun tem vindo a reiterar ao longo dos anos que não mantém qualquer envolvimento com o Hamas, considerando as acusações de que financia o grupo como uma "mentira".
A investigação em causa teve início após os ataques de 7 de Outubro - onde o Hamas matou mais de 1.200 pessoas e fez outros 250 reféns - quando as autoridades foram alertadas para uma "série de relatórios de transações financeiras suspeitas.
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