"Acredito que sou". Jovem polaca "exausta", mas insiste ser Maddie McCann
- 31/10/2025
Julia Wandelt, de 24 anos, acusada de perseguir a família McCann por acreditar ser Madeleine, voltou a chorar em tribunal quando disse ao júri que é a menina que desapareceu em Portugal aos três anos de idade, no ano de 2007. No entanto, a acusação defende que é "extremamente óbvio" que a jovem não é Maddie.
Durante a sessão de julgamento, foi novamente dito à polaca que é "extremamente óbvio" que não é a criança britânica desaparecida. No entanto, chorosa, Wandelt disse: "Eu acredito que sou".
O promotor Michael Duck KC questionou a jovem sobre se havia "alguma evidência científica que a ligasse aos McCann".
Emocionada, a jovem disse: "Na verdade, não me importo. Se as pessoas aqui disserem que não, está tudo bem para mim. Estou simplesmente exausta".
"Quero saber quem sou. Se eu não for, não sou. Tudo bem. Estou exausta", continuou, acrescentando que acredita ser Madeleine McCann e que se recorda da família McCann".
"Se é essa a conclusão, então estou disposta a dizer que concordo. Mas, estou exausta", afirmou, citada pela Sky News.
Já perguntada se acreditava que Gerry McCann era o seu pai biológica, apenas referiu: "Não é nem sim, nem não".
Por sua vez, o promotor salientou que "uma coisa é extremamente óbvia", uma vez que as "amostras de ADN e as de Madeleine não correspondem", altura em que mostrou os dois testes na audiência e perguntou: "Supondo que o teste é da Madeleine, aceitas que, olhando para ele, não tem nada a ver contigo?"
"Supondo que isso pertence à Madeleine, então sim", respondeu.
E quando questionada sobre qual seria o motivo pelo qual os McCann não respondiam às suas chamadas ou mensagens, Julia afirmou que "talvez não lhes fosse permitido". "Eu não conseguia acreditar e, ainda não consigo acreditar, que os pais de uma criança desaparecida não queiram seguir uma pista".
"Desperdicei três anos e meio da minha vida para tentar descobrir quem sou. Acho que estou no lugar errado. Não devia estar aqui hoje, no banco dos réus", referiu.
Esta, note-se, não é a primeira vez que a jovem polaca desaba em lágrimas no tribunal. No primeiro dia do julgamento, após ser confrontada com o facto de não ser Madeleine McCann e de que não havia qualquer relação familiar entre as duas partes, Wandelt começou a chorar, levantou-se e tentou sair por uma porta que dava acesso às celas.
De recordar que o julgamento de Julia Wandelt começou no início do mês de outubro. Kate e Gerry McCann, assim como os filhos gémeos Amelie e Sean e amigos da família, já testemunharam em tribunal.
A jovem polaca foi detida no aeroporto de Bristol, no Reino Unido, em fevereiro, e foi acusada de quatro crimes de perseguição, tais como, fazer chamadas telefónicas, deixar mensagens de voicemail e enviar cartas e mensagens por WhatsApp aos pais de Maddie, Kate e Gerry McCann.
O que Julia tem dito em tribunal?
Wandelt revela o "grande fator" que a levou a crer que era Maddie McCann
Na primeira vez que falou em tribunal, Wandelt, questionada pelo seu advogado, começou por explicar quando e porque é que começaram a surgir as dúvidas quanto à sua própria identidade.
"Quando eu era adolescente, comecei a fazer terapia, devido a níveis extremos de automutilação", confessou a jovem de 24 anos. Foi nesta altura que as dúvidas começaram a surgir.
"A minha mãe tem cabelo e olhos castanhos. O meu pai tem cabelo escuro, agora grisalho, mas era escuro, e olhos castanhos também", disse Wandelt, que tem cabelo e olhos claros e cujas memórias, segundo a própria, só começam a partir dos oito, nove anos.
Wandelt revela o "grande fator" que a levou a crer que era Maddie McCann
No seu primeiro depoimento em tribunal, Julia Wandelt frisou as diferenças físicas que tem de ambos os seus pais, dizendo que ambos se recusavam a mostrar-lhe fotos de infância, o certificado de nascimento e a fazer um teste de ADN.
Carolina Pereira Soares | 22:03 - 27/10/2025"Sei que me amas". As mensagens e o encontro de Wandelt com os McCann
No segundo dia a ser ouvida, após ser questionada pela sua defesa, Julia Wandelt revelou que foi até casa da família McCann, no dia 7 de dezembro de 2024, onde tentou falar com Kate e Gerry.
"Eu disse 'Kate'. Ela virou-se e começou a chorar. Eu comecei a chorar", disse Julia na audiência, acrescentando que Kate "começou a chorar imediatamente" e que a jovem ficou "muito chateada" porque "planeava dizer outras coisas, mas não disse nada".
"Eu disse: 'Gostaria de falar contigo. Podemos conversar durante dois minutos?' e ela respondeu que não. Disse que chamaria a polícia e eu referi que a polícia não me incomodava. Acho que disse que, se ela quisesse, podia chamar as autoridades", contou.
"Sei que me amas". As mensagens e o encontro de Wandelt com os McCann
Em tribunal, Julia Wandelt revelou como foi o seu encontro com a família McCann no dia em que apareceu à porta de casa dos britânicos. A polaca contou que Kate começou a chorar e não quis falar com ela. Foram ainda lidas e ouvidas mensagens que Julia enviou ao longo do último ano.
Notícias ao Minuto | 23:38 - 28/10/2025Madeleine McCann tinha três anos quando desapareceu na Praia da Luz, no Algarve, em maio de 2007, enquanto dormia no quarto de um apartamento de um aldeamento turístico, com os irmãos de 2 anos. O caso que se tornou muito mediático, dando origem até a documentários, continua sem desfecho.
Em 2023, Christian Brückner foi constituído arguido pelo Ministério Público pelo desaparecimento de Maddie McCann. O nome do alemão surgiu pela primeira vez na lista de suspeitos no rapto em junho de 2020. No entanto, nunca foi acusado, por falta de provas por este crime. Depois de cumprir pena de prisão pela violação de uma idosa, em Portugal, Brückner saiu da cadeia recentemente.
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