ACLED aponta 18 mortos em 12 eventos violentos em duas semanas em Cabo Delgado
- 31/10/2025
De acordo com o mais recente relatório da organização de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED, na sigla em inglês), dos 2.236 eventos violentos registados desde outubro de 2017, quando começou a insurgência armada em Cabo Delgado, um total de 2.061 envolveram elementos associados ao Estado Islâmico Moçambique (EIM).
Estes ataques provocaram em pouco mais de oito anos 6.659 mortos, refere o novo balanço, incluindo as 18 vítimas reportadas em menos de duas semanas em outubro.
O relatório da organização refere ainda que, neste período, Cabo Delgado, no norte de Moçambique, província rica em gás, "testemunhou um aumento na atividade insurgente", com elementos associados ao EIM a atacarem as forças de segurança nos distritos de Montepuez e Muidumbe, "provocando baixas".
"Os insurgentes também continuaram a matar civis nos distritos de Mocímboa da Praia, Muidumbe e Metuge. As operações do EIM foram agravadas por outros padrões de instabilidade, particularmente em torno de áreas de mineração em Montepuez", escreve a ACLED.
A organização aponta igualmente "o risco contínuo para as comunidades piscatórias", apanhadas em ataques de insurgentes e em ofensivas das autoridades contra os grupos terroristas. Além disso, a "dispersão da atividade" por Cabo Delgado "sugere" que estes grupos operam "em unidades dispersas", permitindo "aos insurgentes expandir as operações para além dos tradicionais redutos".
Um dos casos identificados no balanço da ACLED, que a Lusa noticiou na altura, é a emboscada em 21 de outubro, confirmada pela autoridades moçambicanas, a agentes da polícia que escoltavam automobilistas na estrada N380, entre Awasse e Macomia, provocando a morte do motorista da viatura policial, "atingido por um lança-granadas".
"A emboscada interrompeu o tráfego por várias horas. A emboscada provocou pânico nas aldeias vizinhas e na capital do distrito, Namacande, levando alguns moradores a fugir, de acordo com uma fonte local. O Estado Islâmico (EI) publicou posteriormente imagens do ataque, mostrando a carrinha Mahindra [da polícia] queimada e o corpo do policial morto. Numa atitude rara, o ministro do Interior, Paulo Chachine, confirmou a morte do policia", lê-se.
A ACLED acrescenta que em 22 de outubro, segundo fontes locais da organização, cinco pescadores foram capturados e decapitados perto da Lagoa Nguri, tendo os corpos sido encontrados na manhã seguinte. Em 26 de outubro, as Forças de Defesa e Segurança (FDS) lançaram um bombardeamento sobre Nguri, supostamente visando posições insurgentes ao longo da lagoa.
"A Lagoa Nguri fica a menos de 10 quilómetros do local da emboscada em Xitaxi, em 21 de outubro, o que sugere que o grupo insurgente conseguiu manter presença na área", aponta o relatório.
Quase 93 mil pessoas fugiram de Cabo Delgado e Nampula desde finais de setembro devido ao recrudescimento dos ataques no norte de Moçambique, duplicando o número de deslocados em poucos dias, segundo dados anteriores da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, considerou, em 06 de outubro, como "atos bárbaros" e contra a "dignidade humana" os ataques que se registam em Cabo Delgado.
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