"Se queremos gerir migração irregular, é preciso investir nas populações"

  • 10/07/2025

Amy Pope considerou que uma abordagem focada apenas na fiscalização das fronteiras, sem abordar as causas da migração, pode desestabilizar ainda mais os países de origem.

 

"Se queremos gerir a migração irregular, então é preciso investir na estabilização das populações mais próximas, de onde vem a migração. (...) É uma visão de curto prazo cortar a ajuda externa sem identificar alternativas para garantir que as populações não são deslocadas", defendeu a diretora-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), em entrevista à agência de notícias Associated Press.

Em 2023, Pope tornou-se a primeira mulher a liderar a agência de migrações da ONU, depois de ter desempenhado as funções de conselheira da Casa Branca sobre migração e segurança interna nos governos democratas dos ex-presidentes Barack Obama e Joe Biden.

As declarações de Pope surgem quando os países europeus, incluindo Portugal, estão a adotar políticas de migração mais rigorosas, com mais financiamento para os esforços de deportação e para que os países de trânsito desencorajem os migrantes.

Pope referiu a Síria como uma preocupação particular, alertando que o repatriamento prematuro da população pode ser contraproducente.

"Se os sírios regressarem a casa demasiado depressa e enfrentarem mais desestabilização, mais conflitos, se os seus filhos não estiverem em segurança, se as suas casas continuarem destruídas e não tiverem para onde ir, isso pode acabar por se virar contra si", explicou.

A responsável das Nações Unidas lembrou ainda que as políticas fronteiriças mais rigorosas dos Estados Unidos já criaram efeitos de cascata em toda a América Latina.

"Estamos a assistir a uma inversão dos fluxos. Não só menos pessoas estão a chegar à fronteira dos Estados Unidos com o México, como mais pessoas estão a dirigir-se para sul", disse Pope, levantando preocupações sobre a falta de apoio a países ao longo de rotas migratórias alternativas, como o Panamá, a Costa Rica e outros países da América Central.

A responsável mostrou-se otimista sobre a abordagem de Itália, que combina medidas fronteiriças rigorosas com canais de migração legal alargados.

A Itália planeia fornecer quase 500.000 autorizações para trabalhadores de fora da UE, a começar em 2026 e escalonadas ao longo de três anos, num trabalho com os empregadores para identificar as necessidades de mão-de-obra.

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FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2820013/onu-avisa-paises-ocidentais-para-risco-de-apertar-controlo-de-migrantes#utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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