Mahmoud Khalil pede indemnização de 17 milhões à administração Trump
- 11/07/2025
"Não consigo descrever a dor daquela noite", disse Khalil, olhando para baixo enquanto o bebé, Deen, chorava nos seus braços. "Isto é algo que nunca vou perdoar", continuou, referindo-se ao facto de não ter podido estar presente no momento nascimento do seu filho porque estava preso, refere a agência de notícias Associated Press.
Agora, semanas depois de ter sido libertado, Khalil está a pedir uma indemnização.
Hoje, os seus advogados entraram com um pedido de indemnização de 20 milhões dólares contra o governo Trump, alegando que Khalil foi injustamente preso, processado maliciosamente e difamado como um antissemita enquanto o governo tentava deportá-lo por causa de seu papel proeminente nos protestos no campus.
O processo - precursor de uma ação judicial ao abrigo do Federal Tort Claims Act - nomeia o Departamento de Segurança Interna, o Serviço de Imigração e Alfândegas dos EUA e o Departamento de Estado.
O processo de deportação contra Khalil, um estudante recentemente licenciado, de 30 anos, da Universidade de Columbia, continua a tramitar no sistema de tribunais de imigração.
O objetivo do seu processo agora, disse Khalil, é enviar uma mensagem de que não será intimidado a ficar em silêncio.
"Eles estão a abusar do seu poder porque pensam que são intocáveis", afirmou.
Khalil disse que planeia partilhar algum dinheiro que venha da indemnização com outras pessoas visadas no esforço "falhado" de Trump para suprimir o discurso pró-palestiniano. Em vez de um acordo, ele também aceitaria um pedido oficial de desculpas e mudanças nas políticas de deportação do governo.
Um porta-voz da Casa Branca adiou um comentário sobre esta queixa mandando para o Departamento de Estado, que disse que suas ações eram totalmente apoiadas pela lei.
Numa declaração enviada por correio eletrónico, Tricia McLaughlin, porta-voz do Departamento de Segurança Interna norte-americano, considerou "absurda" a afirmação de Khalil, acusando-o de "comportamento e retórica odiosos", que ameaçavam os estudantes judeus.
O processo do ativista palestiniano acusa o Presidente Donald Trump e outros funcionários de montarem uma campanha "aleatória e ilegal" para "aterrorizar Khalil e a sua família", começando com a detenção de Khalil a 8 de março.
Naquela noite, o ativista disse que estava a voltar para casa, depois de jantar com sua esposa, Noor Abdalla, quando foi "efetivamente detido" por agentes federais à paisana, que se recusaram a apresentar um mandado e pareceram surpresos ao saber que ele era um residente permanente legal dos EUA
Foi então levado para uma prisão de imigração em Jena, Louisiana, um local remoto, onde foi "deliberadamente escondido" da sua família e advogados, de acordo com o processo.
Entretanto, a administração Trump celebrou publicamente a detenção, prometendo deportá-lo e a outros cujos protestos contra Israel apelidou de "atividade pró terrorista, antissemita e antiamericana".
Khalil, que condenou o antissemitismo antes e depois da sua detenção, não foi acusado de nenhum crime e não foi associado ao Hamas ou a qualquer outro grupo terrorista. "A certa altura, torna-se como um reality show", afirmou Khalil sobre as alegações. "É muito absurdo."
Poucas semanas depois de ter sido preso, um novo memorando assinado pelo Secretário de Estado Marco Rubio reconheceu que Khalil não tinha infringido a lei, mas argumentou que deveria ser deportado por convicções que poderiam prejudicar os interesses da política externa dos EUA.
"As minhas convicções não são querer que o dinheiro dos meus impostos ou das minhas propinas seja canalizado para investimentos em fabricantes de armas para um genocídio", disse Khalil. "É tão simples quanto isso", acrescentou
A 20 de junho, após 104 dias sob custódia, Khalil foi libertado por um juiz federal, que considerou que os esforços do governo para deportá-lo por motivos de política externa eram provavelmente inconstitucionais.
Agora, Khalil enfrenta novas alegações de ter deturpado dados pessoais no seu pedido de obtenção do "green card". Numa moção apresentada na quarta-feira, os advogados de Khalil descreveram essas acusações como infundadas e retaliadoras, pedindo a um juiz que as rejeite.
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